Abradee: mudança na matriz elétrica reduziria valor da conta de luz
Mudanças na matriz elétrica, como a construção de usinas mais baratas, reduziriam os valores das bandeiras tarifárias nos próximos anos. O barateamento impactaria, diretamente, nas contas de luz dos brasileiros.
A avaliação é do engenheiro Marcos Aurélio Madureira da Silva, 66 anos, que assumiu o comando da Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica) em maio.
Isso seria possível pois, em períodos de seca, é necessário acionar usinas térmicas, que custam mais caro. A depender da situação dos reservatórios e previsão de chuvas, o governo aciona empreendimentos movidos a diesel ou a óleo combustível para atender a demanda de energia do país.
Os custos extras para produzir energia nesses períodos são pagos pelos consumidores por meio da cobrança das bandeiras tarifárias. Em 2018, o desembolso somou R$ 6,9 bilhões. Os recursos vão para a conta bandeira. Para então, serem repassados às distribuidoras de energia para compensar o gasto com a produção de energia no período.
“O ideal seria, e esperamos que aconteça nos próximos anos, termos fontes de energia com custos menores, que diminuiriam o valor das bandeiras tarifárias. A aplicação da taxa não é 1 fator bom para as distribuidoras, não há ganho sobre isso”, afirmou.
Antes da criação do sistema, em 2015, as empresas arcavam com os custos e eram ressarcidas nos reajustes anuais das tarifas de energia elétrica. “O importante é fazer com que as empresas não tenham desequilíbrio no fluxo de caixa”, disse Madureira.
Neste ano, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) reajustou os valores das taxas. A maior alta foi na bandeira amarela, de 50%. A intenção era evitar 1 deficit na conta bandeira, que fechou com resultado negativo de R$ 495,6 milhões em 2018.
MUDANÇAS NO SETOR DE DISTRIBUIÇÃO
Madureira assume o comando da associação do setor de distribuição – que registrou receita bruta de R$ 261 bilhões em 2018– em 1 momento em que o segmento passa por “transformações”, como ele mesmo define.
Entre as discussões dos próximos meses, está a definição de regras para a microgeração distribuída. O modelo permite que consumidores produzam a própria energia, geralmente, por meio da instalação de placas solares.
“Temos que ver o impacto dessa tecnologia para os consumidores que não vão usa-lá. Queremos que, como qualquer usuário, os que optarem pela geração distribuída paguem o custo real do sistema elétrico. Hoje não é cobrado os encargos da distribuição”, afirmou.
A intenção, segundo Madureira, é evitar que o aumento da geração pelos próprios consumidores onerem os que não aderirem ao sistema, por meio do processo de revisão tarifária. “Acreditamos que subsídios são necessário para desenvolver a tecnologia. Mas tem 1 tempo para isso e na nossa visão, foi atingido.”
A associação também defende que o processo de abertura do mercado livre seja feito com cautela. Em dezembro, o então ministro de Minas e Energia Moreira Franco assinou uma portaria que ampliou as possibilidades de livre contratação de energia.
Madureira afirma que é necessário criar mecanismos para que a saída dos consumidores do sistema atual não afete os contratos vigentes das distribuidoras.
“As empresas tem contrataram uma determina quantidade de energia. Se não tem para quem vender, ela não poderá cumprir esse compromisso. Mas, o gerador faz planos em função do recebível. É necessário criar 1 cronograma que não traga prejuízos para nenhuma parte envolvida“, disse.
QUEM É MARCOS MADUREIRA?
Ex-diretor de distribuição da Eletrobras Marcos Aurélio Madureira da Silva é formado em engenharia elétrica pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Além de ocupar 1 cargo na estatal, ocupou funções na direção da Cemig e também trabalhou no setor privado. Por 10 anos, integrou a equipe de grupo Energisa.
Fonte: Poder360
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