O drama do transporte escolar rural

ColunistaValdemir Caldas

Talvez nenhum outro setor da administração municipal revele profunda deterioração nos serviços que presta quanto o da educação. Refiro-me, especificamente, ao transporte escolar rural. Sucessivas e diferentes propostas foram apresentadas pelas autoridades para evitar o completo caos do atendimento à população, mas nenhuma delas conseguiu impedir que se estabelecesse a calamidade no setor, ainda não oficializada pela prefeitura de Porto Velho.

Todos os dias, centenas de alunos da área rural arriscam suas vidas ao entrarem em ônibus calhambeques, caindo aos pedaços, sem as mínimas condições de segurança, com motores velhos, prestes a fundir, jogando fumaça por todos os lados, como mostram as imagens recentemente registradas por moradores do distrito de União Bandeirantes e divulgadas no jornal eletrônico Rondoniaovivo.

Para quem não sabe, o vereador Tiãozinho tem sua base eleitoral no distrito de União Bandeirantes. Estranhamente, desde que as cenas do ônibus fumacento correram as redes sociais, não me recordo de ter ouvido nenhuma manifestação de inconformismo do parlamentar com relação ao tema. Será que Tiãozinho está satisfeito com o transporte escolar oferecido pelo poder público municipal aos estudantes daquela localidade. Caso contrário, já deveria ter tomado alguma providência para tentar solucionar o problema – que é grave.

Há quem diga, contudo, que o brasileiro só fecha a porta depois de roubado. Será que as autoridades estão esperando que aconteça alguma tragédia para, só então, tomarem “as providências cabíveis?”. Se a situação do transporte escolar rural é grave - como de fato é -, mais grave, contudo, é observar que calamitosa também é a própria consideração que dirigentes públicos dispensam a outros setores de interesse público, os quais, à semelhança do transporte escolar rural, estão igualmente um caos, sem que se tenha até agora encontrado o meio capaz de solucionar os problemas correspondentes.