O disco pousa e dele saíram meus defuntos | Notícias Tudo Aqui!

O disco pousa e dele saíram meus defuntos

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ColunistaMarco Anconi

Dia claro e movimentado, hora de pico no trânsito de início de tarde,
na Avenida Rio Madeira com a Calama, em frente a Porto Velho Shopping,
o disco voador prateado reluzindo azul clarinho, pouso sem alarde.
Testemunhas dizem que veio do céu em altíssima velocidade e, de
repente, freou e tocou o solo; outras, ao contrário, afirmam que se
materializou do nada.

Primeiro incidente veio imediatamente quando uma motociclista que
vinha “costurando” no trânsito não conseguiu parar, passou direto pelo
cruzamento e deu com o capacete na lateral do disco, que nem se mexeu.
A motociclista, apesar da batida e do tombo, se levantou sem aparente
lesão, prova de que, de fato, o disco era um objeto físico.

Após os primeiros segundos de estupor, paralisia e incredulidade dos
presentes, seguiu reações diversas, que foram do pânico e baratinação,
quando teve gente que, ao tentar fugir, correu de encontro ao objeto
voador não identificado, provando a teoria de que o medo nos retorna à
condição de insetos.

Mas a balburdia não parou por aí; houve até, por parte de dois
transeuntes armados,  tentativas vãs de alvejar a belonave alienígena.
Constatou-se que, ou tremiam tanto que não conseguiam fazer a devida
pontaria, ou o ovni rebatia ou deixava passar as balas disparadas. E o
vexame teve mais episódios.

Desmaios; fundilhos fétidos; blusas babadas ou coisa pior; crises
nervosas e até mesmo um jovem que teve seus cabelos, pintados de
vermelho, descoloridos indo ao branco absoluto. E o disco voador
continuava alí parado, incólume, impávido, com que a aguardar o fim
dos disparates a para realizar o intento da sua aparição.

Ninguém se movia. Até mesmo os carros de aluguel que, fugindo à sua
praxe de enveredar pelas brechas do fluxo do trânsito, quedavam
inertes. O engarrafamento nos quatro sentidos das vias tomou forma e
conteúdo. Lá do fundo da fila, alguns desavisados buzinavam, como
corriqueiramente fazem diariamente.

De repente, flashes de luz começaram a pipocar de todos os cantes, mas
não do disco voador, e sim dos telefones celulares. Houve gente que
deu as costas para o objeto espacial a fim de fazer uma self e postar
em uma rede social. E o ovni continuava parado, nada acontecia, exceto
que a sua luminescência começou lentamente a mudar do prata azulado
para o verde.

Oh geral. Passos para traz e aumento nos tremores das pernas.
Ouviu-se, aqui e alí, tilintar de dentes e o som ricocheteante de uma
dentadura no asfalto. Um cidadão mais afoito arvorou a tocar a
fuselagem reluzente, agora indo para o tom violeta. Sua mão afundou
até o meio do braço, o que o fez rapidamente a retirar a mão agora
reluzente qual o disco. Oh novamente.

Súbito, surgiu uma porta que se tornou escada, vindo ancorar no
asfalto. Segundos tensos se seguiram até que um vulto surgiu. De
aparência comum como qualquer humano médio, aparentando trinta e cinco
a quarenta anos, um homem, seguido por mais de vinte outras pessoas,
veio ao chão, andando normalmente. Mais desmaios e convulsões.

Uma mulher na multidão gritou: papai! Outra: meu filho! E um terceiro:
são meus parentes mortos! Um jornalista postou imediatamente na
internet: “Invasão zumbi inicia o apocalipse”. A correria foi tamanha
que ninguém notou os extraterrestres, seres de luz de alta hierarquia
e até mesmo Jesus que desceram a seguir.

Marco Anconi
Jornalista - DRT-RO: 0065


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