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Tiroteio improdutivo

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ColunistaValdemir Caldas

Mais avança a consolidação do estado de direito, mas se torna necessário buscar o entendimento. Os altos interesses públicos, numa verdadeira democracia, precisam superar todos os demais interesses, porque só assim o bem público estará assegurado.

Quando, porém, questões cuja solução deveriam repousar, sobretudo, na adequada audiência das partes, têm seu equacionamento entregue a manifestações eleitoreiras de qualquer delas, ai, então, mais estaremos nos afastando do estado de direito.

Muitas vezes, a pressão dos fatos sobre o administrador acaba por desviá-lo da trajetória que o tem feito respeitado pela comunidade. A ansiedade que então se estabelece da mente da autoridade chega a remetê-la a condutas que a um só tempo desmerecem a imagem cuidadosamente construída e a adoção de alternativas consentâneas aos problemas.

A discordância, já trazida a público, entre o governador de Rondônia, Marcos Rocha, e o prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves, sobre o fechamento total do comércio, exceto serviços essenciais, longe de contribuir para reduzir os efeitos da Covid-19. Pelo contrário, tem, inclusive, registrado ocorrências que, no mínimo, concorrem para deixar no seio da opinião pública, um sentimento desfavorável em relação à postura de ambos, além, é claro, de expô-los ao ridículo perante a população.  

Ora o governador deseja uma coisa. Ora o prefeito intenciona outra coisa. No fundo, ninguém se entende. São os reflexos das eleições municipais que se aproximam, garantem alguns observadores, já para outros a causa da divergência reside na sucessão estadual, apesar de distante. Fato é que muitas pessoas já morreram por causa do coronavirus, empresas já quebraram e centenas de trabalhadores perderam seus empregos, enquanto autoridades discutem o sexo dos anjos.


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