A FERA DO BRASIL - Bia Haddad faz história em 4h e vai às quartas em Roland Garros

Brasileira supera batalha contra Sara Sorribes e é primeira do país a ir tão longe em um torneio de simples em Grand Slam desde Guga em 2004. Ela também iguala Maria Esther Bueno

Foi um teste de resiliência. Em quase quatro horas, Beatriz Haddad Maia precisou lidar com uma série de altos e baixos para fazer história. Os erros, foram muitos - e, por um momento, pareceram decisivos. A número 14 do mundo, porém, soube ter forças para reagir diante da espanhola Sara Sorribes Tormo, 132ª do ranking. Em 2 sets a 1, parciais 6/7(3), 6/3 e 7/5, Bia precisou de quatro match points para dar fim a uma longa batalha e garantir uma classificação histórica às quartas de final de Roland Garros.

O feito de Bia é gigante. Na Era Aberta, é a primeira brasileira a chegar às quartas de final de um Grand Slam. Em toda a história, ela se iguala a Maria Esther Bueno, única do país até hoje a chegar às quartas em Roland Garros - foi finalista em 1960. É, também, a brasileira a ir mais longe em um Grand Slam desde 1968, quando Maria Esther foi à fase em Roland Garros, Wimbledon e US Open.

Além disso, entre homens e mulheres, desde 2004 um tenista brasileiro não chegava tão longe em uma disputa de simples em um Grand Slam - Gustavo Kuerten, o Guga, foi às quartas em Roland Garros daquele ano.

O duelo terminou com 3h51 de duração. É o jogo feminino mais longo da temporada até aqui. Bia foi às lágrimas no fim. É, também, o terceiro mais longo da história de Roland Garros - o primeiro, entre Noémie Buisson e Van Lottum, em 1995, durou 4h07. Depois de uma longa batalha, sentiu o alívio e a felicidade da vitória em Roland Garros. A brasileira festejou o feito.

- Eu tentei pensar de uma forma positiva nos momentos mais difíceis. Pensei que, se eu estava sentindo o nervosismo, minha adversária também sentindo. Meu técnico me mandou uma entrevista do Djokovic, falando de nervosismo. Então, se o Djokovic fica nervoso, quem sou eu para não ficar? Precisamos aceitar, nos mantermos firmes para aguentar a pressão.

A rival já é conhecida. Nas quartas de final, Bia vai enfrentar Ons Jabeur, da Tunísia, número 7 do mundo. Ela venceu a americana Bernarda Pera em 2 sets a 0, parciais 6/3 e 6/1, e também avançou.

No torneio de duplas femininas, Luisa Stefani e a canadense Gabriela Dabrowski foram eliminadas. As duas perderam para a canadense Leylah Fernandez e para a americana Taylor Townsend por 2 sets a 1, parciais 6/4, 4/6 e 6/2.

Luisa voltou à quadra pouco depois para as duplas mistas e também se despediu do Grand Slam de Paris. Ela e o também brasileiro Rafael Matos, atuais campeões do Australian Open, foram superados por 2 sets a 0 pelo alemão Tim Puetz e pela japonesa Miyu Kato - parciais de 7/6 (5) e 6/2.

1° set - Bia erra muito e sai atrás

As duas tenistas confirmaram seus primeiros serviços no jogo. Bia chegou à quebra logo no terceiro game. Sem ceder pontos à rival, levou a melhor e marcou 2/1. A brasileira fazia um jogo agressivo, causando problemas à espanhola a cada devolução. A segunda quebra veio no sétimo game, com uma paralela funda de Bia à perfeição.

A espanhola, porém, tentou voltar à partida. Chegou à primeira quebra logo na sequência, sem ceder pontos a Bia. O momento do jogo mudou. Precisa em seus golpes, Sara Sorribes conseguiu a segunda quebra pouco depois para empatar o placar em 5/5. Mas a brasileira se recuperou em quadra e voltou à frente em uma nova quebra logo na sequência.

Era um jogo instável dos dois lados. Bia, que novamente sacou para fechar o set, foi quebrada pela terceira vez. E abriu espaço para que a espanhola elevasse o nível rumo ao tie-break. Sara Sorribes soube aproveitar os erros da brasileira e pareceu não se desgastar com as longas trocas de bola. No fim, levou a melhor: 7/6.

(globo.esporte)