A cidade do medo
Que Porto Velho ocupa o topo das capitais mais violentas do Brasil todo mundo sabe, não precisa que nenhum especialista no assunto venha nos dizer isso. Os episódios macabros, recentes ou não, que marcaram e ainda marcam o dia a dia da capital do estado de Rondônia, atestam essa realidade. Uma realidade, diga-se de passagem, que somente muitos daqueles que nos governam não enxergam. Preferem ficar em seus ambientes refrigerados, ganhando ótimos salários, com direito a sucos, cafezinhos, diárias e um sem-número de mordomias proporcionadas pelo cargo, discutindo o sexo dos anjos, enquanto a criminalidade avança, espalhando uma onda de pavor jamais vista no seio da população.
Quando o assunto é violência, somos rápidos no gatilho para apontar o dedo na direção do vizinho, preferindo ignorar o que acontece em nível local, ou seja, no quintal da nossa própria casa, por assim dizer, e voltamos os olhos para o que ocorre em outras regiões do Brasil, e até fora do país. Talvez, por isso mesmo, muitos acham que as más notícias são uma particularidade de outros lugares. Afinal de contas, é mais fácil, por exemplo, admitir que a cidade do Rio de Janeiro vive uma espécie de guerra civil nos morros, fortemente controlados por traficantes, do que imaginar algo mais ou menos equivalente sendo praticado na cidade de Porto Velho. Quem assim pensa pode estar cometendo um terrível erro de avaliação, conquanto devemos reconhecer que a situação, aqui, ainda não fugiu completamente ao controle da autoridade policial. É fato, contudo, a desordem e o pânico que dominam a cidade portovelhense.
Uma das atribuições do Estado, como ente político, reside no monopólio da segurança pública. O poder de polícia, atribuído à autoridade pública, garante espaço suficiente para a adoção de medidas preventivas e repressivas por parte do aparelho policial do Estado para combater o clima criado pela ação de marginais, que não titubeiam em semear o terror pelos quatro cantos da cidade, numa evidente demonstração de desrespeito à população e às autoridades constituídas, em cujas mãos repousam a segurança e o bem-estar da sociedade, que, reconhecidamente, está cansada de destempero e bravatas oficiais, que em nada contribuem para reduzir os elevados índices de criminalidade que colocam Porto Velho no pódio das capitais mais violentas do Brasil.
Por Valdemir Caldas
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