OPINIÃO DE ANA PAULA HENKEL - Os amigos de Lula
O Brasil fez questão de seguir a delegação do Irã na Assembleia da ONU e se retirou quando Netanyahu entrou para discursar. Como diz o ditado: 'Diga-me com quem tu andas e eu te direi quem tu és'
Ao nos aproximarmos do primeiro aniversário do devastador ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro de 2023, somos lembrados da brutalidade que ceifou a vida de centenas de civis israelenses inocentes e deixou reféns que ainda não retornaram para suas famílias. Esse ataque, caracterizado por sua súbita ferocidade, teve como alvo cidades e vilarejos no sul de Israel, deixando cicatrizes profundas na nação e o mundo em choque. A barbárie serviu como um lembrete contundente da ameaça contínua que grupos como o Hamas representam à segurança de Israel.
Nos últimos anos, o cântico entoado pelo Hamas, “From the river to the sea, Palestine will be free”, ou “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, tem ressurgido em manifestações globais, simbolizando o desejo pela destruição completa de Israel. Embora muitos o usem sem entender suas implicações totais, esse grito reflete a aspiração de grupos extremistas de eliminar Israel, ecoando a narrativa de que o país não tem direito de existir entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo. Esse ideal, sustentado por grupos como Hamas e Hezbollah, é fortemente apoiado e financiado pelo Irã por meio do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica — o famoso e famigerado Islamic Revolutionary Guard Corps (IRGC).
Em 2019, sob a administração de Donald Trump, os Estados Unidos qualificaram a Guarda Revolucionária do Irã como um grupo terrorista. Foi a primeira vez que uma força militar nacional estrangeira recebeu esse qualitativo, o que a transformou em “patrocinador do terrorismo”, assim como qualquer um que se alie ao grupo. No Canadá, o governo listou a Guarda Revolucionária Islâmica do Irã como uma entidade terrorista em junho de 2024. Essa designação exige que as instituições financeiras canadenses congelem as propriedades do grupo, tipificando como crime negociar com ele. Barém e Arábia Saudita também designaram o IRGC como uma organização terrorista.
Em um momento em que as tensões no Oriente Médio atingem novos picos — nesta semana com o histórico ataque do Irã a Israel com uma chuva de mísseis balísticos —, as potências regionais e seus aliados por procuração (proxy) continuam a tentar redefinir o equilíbrio de poder em ataques abastecidos por explosivos e pelo ódio ao povo israelense.
Os recentes conflitos envolvendo Israel e o crescimento de movimentos insurgentes têm trazido à tona uma questão central: como o Irã consegue projetar seu poder além de suas fronteiras? No meio dessa estratégia demoníaca está o Hamas, como vimos em outubro de 2023, e o Hezbollah, mais um grupo terrorista apoiado pelo Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica. Há duas semanas, o forte grupo teve sua cadeia de líderes e sublíderes dizimada em uma espetacular operação do Mossad que explodiu mais de 2 mil pagers de terroristas no Líbano.
A relação entre a Guarda Revolucionária Islâmica do Irã e o Hezbollah tem moldado o Oriente Médio por décadas. Juntos, eles orquestraram ataques terroristas, alimentaram as proxy wars e desestabilizaram governos. Além disso, o Hezbollah fortaleceu laços com outros grupos terroristas, como o Hamas e os houthis no Iêmen, expandindo ainda mais o alcance de Teerã. Essa relação remonta ao início dos anos 1980, quando o Irã buscava espalhar sua ideologia revolucionária além de suas fronteiras.
A alma de terror do Hezbollah foi formada com o apoio direto do Irã, recebendo treinamento, armas e financiamento para atacar e resistir a Israel e servir como uma força por procuração iraniana na expansão de seus tentáculos revolucionários. A missão do Hezbollah, conforme delineada por seus fundadores, é a eliminação de Israel — a mesma ideologia capturada na frase “Do rio ao mar”. O Hezbollah cresceu rapidamente em força, tornando-se um dos atores não estatais mais influentes do Oriente Médio. O grupo desenvolveu uma reputação não apenas por sua capacidade militar, mas também por seu papel na política libanesa e por sua capacidade de realizar ataques em escala global. Ao longo de sua história, o Hezbollah operou sob a direção e o apoio da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, que vê o grupo como um instrumento-chave na estratégia regional do país.
Atentados coordenados
Uma das primeiras e mais mortais colaborações entre o Hezbollah e a Guarda Revolucionária Islâmica do Irã ocorreu em 1983, quando homens-bomba atacaram quartéis militares dos Estados Unidos e da França em Beirute. Esses ataques, atribuídos ao Hezbollah com o apoio do Irã, foram uma tentativa de minar a influência ocidental no Líbano, um objetivo alinhado com a guerra mais ampla contra Israel, onde os dois grupos buscavam aniquilar qualquer interferência internacional que pudesse proteger o Estado judeu.
O Hezbollah, também em coordenação com a Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, é amplamente responsabilizado por dois atentados em Buenos Aires: o ataque à Embaixada de Israel em 1992 e o atentado ao centro comunitário judaico AMIA em 1994. Esses ataques, que tiraram a vida de mais de cem pessoas, são exemplos claros da capacidade do Hezbollah de atingir alvos israelenses e judeus fora do Oriente Médio, como parte de uma campanha global para minar a presença e a segurança de Israel.
Outro envolvimento do Hezbollah é na Guerra Civil Síria. Mais uma vez, sob a direção dos revolucionários iranianos, o grupo mostrou sua importância como um agente do Irã. Lutando ao lado do regime de Bashar al-Assad, o Hezbollah garantiu a continuidade do governo aliado a Teerã, criando um corredor geopolítico que permite ao Irã e a seus aliados manterem pressão militar constante sobre Israel. Essa presença na Síria ampliou o alcance do Hezbollah, permitindo que o grupo posicione mísseis mais próximos do território israelense e ofereça uma ameaça existencial, encapsulando a narrativa “Do rio ao mar”.
Além de sua luta contra Israel, o Hezbollah tem vínculos com os houthis no Iêmen, outro grupo xiita apoiado pelo Irã. Os iranianos têm usado os houthis como outra ferramenta para enfraquecer a influência de seus rivais regionais. Ao armar e treinar os houthis, o Hezbollah tem contribuído para o conflito no Iêmen, usando o caos como uma forma de desviar recursos e atenção dos inimigos do Irã, como os Estados Unidos e a Arábia Saudita.
Homens fracos trazem instabilidade para o mundo. O atual inquilino da Casa Branca mostrou que sairá de cena deixando um legado crítico na história — a sombra do terror que cresce sobre o Oriente Médio. A pífia administração de Joe Biden lembrará o mundo de que a paz é uma conquista frágil, sempre ameaçada pela violência, pelo ódio, e também pela covardia de quem deveria ter sido assertivo no combate aos inimigos da liberdade.
Os ataques devastadores do Hamas em 7 de outubro de 2023 não são apenas uma lembrança da brutalidade que se esconde nas profundezas do extremismo, mas servem como um lembrete sombrio de que o espectro da intolerância cabal pode se irromper a qualquer momento, ameaçando não apenas Israel, mas o próprio tecido civilizacional. A vileza dessa aliança infernal — com o Irã, o Hezbollah e o Hamas tramando nas sombras — nos confronta com uma escolha inadiável: a luta pela soberania da liberdade ou a submissão à tirania do terror.
Com gritos de “Do rio ao mar, a Palestina será livre” ecoando pelas ruas, eles revelam não apenas a ambição de erradicar uma nação, mas também a intenção de desmantelar os alicerces da humanidade.
Em julho deste ano, Lula mandou seu vice, Geraldo Alckmin, para o outro lado do mundo, no meio do eixo do mal, para representar o Brasil do PT na posse do presidente iraniano. Enquanto Alckmin posava para fotos ao lado de líderes terroristas, um eliminado duas horas após a cerimônia e outro que foi morto na operação dos pagers, o Parlamento iraniano entoava “morte à América” (“death to America“).
Na semana passada, durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, a delegação brasileira comandada por Lula não assistiu ao discurso do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que bravamente afirmou que Israel seguirá protegendo seu povo e que não retrocederá de sua linha de defesa, proclamando em alto tom que “Israel vencerá”. O Brasil fez questão de seguir a covarde ação da delegação do Irã e se retirou do plenário quando o representante de Israel entrou para discursar. Esse foi o único discurso da Assembleia Geral que os brasileiros não acompanharam presencialmente.
Como diz o sábio ditado: “Diga-me com quem tu andas e eu te direi quem tu és”. Ou como falamos lá no meio do mato em Minas: “Boi preto conhece boi preto”.
(revistaoeste)
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