ALEXANDRE GARCIA NA OESTE - Lula 3 vai mal
E não é o governo, é o chefe do governo que é a origem da perda de rumo, com improvisos anacrônicos que só fazem piorar a desorientação, num círculo vicioso
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Na longa entrevista que concedeu, Lula parece ter jogado água fria na fervura de troca de ministros. Talvez tenha percebido que não vai dar certo, ou que pode piorar se ele desagradar ao centrão. Enfim, o óbvio é que a melhor solução seria trocar Lula, não o Ministério. Mas isso está longe de acontecer, embora já existam bem mais de cem assinaturas na Câmara pedindo impeachment por causa da pedalada com pé de meia, por mais de R$ 6 bilhões. O impedimento de Dilma por pedalada começou com três assinaturas. Na entrevista, Lula foi reticente com as especulações de que Gleisi seria secretária-geral da Presidência. O Palácio do Planalto seria pequeno demais para abrigar Gleisi e Janja. Por enquanto, Lula trocou a agência oficial de propaganda. Saiu Paulo Pimenta e entrou o marqueteiro Sidônio Palmeira. Não vai adiantar nada. Não adiantaria nem tirar Haddad e botar Paulo Guedes. Lula continuaria considerando que gasto é investimento, assim como continuará achando que tudo é erro de comunicação e que propaganda é a solução. Aliás, governo não precisa de propaganda; basta oferecer bons serviços de saúde, ensino, segurança, saneamento básico, e cumprimento de promessas.
A desaprovação do governo é cada vez mais ampla que a aprovação. É o próprio Lula que causa isso, ao criar expectativas como a da picanha ou a das viagens aéreas para os pobres. Quem não consegue chegar sequer à laranja e votou em Lula à espera de uma vida melhor passa a sentir raiva quando o bolso e o estômago reclamam. Agora ele cria a expectativa de crédito consignado para todos que tiverem CLT. Mas nem tem projeto de lei pronto, que ainda iria para o Congresso. Não basta o governo estar endividado e o pagador de impostos ter o ônus dos juros, ainda vai estimular mais endividamento do assalariado. É um círculo vicioso atrás do outro. Quatro pesquisas recentes mostram a desaprovação subindo e a aprovação caindo — no Nordeste, despencando. E aí vem a lembrança de Lula contando que mentia tanto sobre números que nem o Jaime Lerner acreditava; ou a de suas lições maternas de que a verdade engatinha mas a mentira voa. A credibilidade que ainda restava nos eleitores se esvai e o real se desvaloriza, porque mercado e investidores já não apostam em correção do desequilíbrio fiscal.
Não adiantam jargões de fantasia, como o tal “arcabouço”, criado para disfarçar que o governo Lula estava dispensando o saudável teto de gastos instituído no governo Temer. O déficit do ano passado foi de R$ 43 bilhões, mesmo com a cobrança de impostos crescendo quase 10% em números reais. Os pagadores de impostos entregaram ao governo federal R$ 2,7 trilhões no ano passado. Por acaso receberam melhores serviços de saúde, ensino, segurança, Justiça, saneamento? Sem maioria no Congresso, com esquerda em minoria (originária do mesmo pleito que elegeu presidente de esquerda…), Lula quase dobrou o número de ministros para distribuir cargos a partidos de centro e ganhar votos no Congresso — a mesma estratégia que repete com a liberação de emendas toda vez que precisa de votos parlamentares. Custam um dinheirão — a multidão de ministros e a distribuição de emendas. E o problema só aumenta, porque isso gera mais déficit e mais endividamento público — que geram mais inflação e maior taxa de juros. E quem sofre são os mais pobres, tidos como os eleitores de Lula. É um imenso círculo vicioso.
E Lula vai repetindo promessas fantásticas que causam frustração em seus eleitores, agora os do Nordeste, assim como repete os erros que ele crê serem apenas “de comunicação”.
Passou a expor o ministro da Casa Civil, Rui Costa, que inaugurou suas falas mencionando intervenções no mercado, e teve que desmentir. Depois veio a laranja… de laranjais que o MST devastou com trator. Antes fora o desgaste do Pix, destinado a enquadrar no Imposto de Renda os informais menores. Depois ainda veio a ideia de baratear alimentos transformando o vencimento em mera sugestão. Lula chamou Trump de nova cara do nazismo e fascismo, referência já feita ao agro, garantidor de nossa balança de pagamentos. Sua mulher ainda completou com o “fuck you, Elon Musk“, referindo-se ao braço direito de Trump. E estão chegando aos combustíveis o ICMS e o dólar. O Lula 3 vai mal. E não é o governo, é o chefe do governo que é a origem da perda de rumo, com improvisos anacrônicos que só fazem piorar a desorientação, num círculo vicioso. O problema do governo é Lula.
Há 20 anos, haveria o monopólio da notícia para omitir tudo isso que você leu acima e agradar ao governo que a paga sob o rótulo de publicidade estatal. E o povo ia pensar que estava tudo bem, desinformado e mal informado. O impacto no bolso e no estômago os cartéis da notícia diriam que foi Bolsonaro ou é Trump. Mas hoje o brasileiro se libertou pelas redes sociais. Cada cidadão ganhou o poder de postar sua opinião, ou de relatar um fato e mostrar imagens para seus conterrâneos. Daí por que a oligarquia hoje teme e odeia as redes sociais. Antes era fácil dominar meia dúzia de jornais e tevês, agora ninguém segura a voz digital do povo. O “todo poder emana do povo” pode ser entendido como “todo poder emana de cada um do povo”.
(revistaoeste)
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