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A busca por um líder

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O eleitorado cativo de Lula não foi alterado pela sua condenação e prisão. Seu líder pode ser acusado de tudo e até ter contra si provas de corrupção, não importa: para esse contingente de cidadãos, da extrema esquerda até mesmo a um enclave da direita, Lula continuará como líder.

Mas gravitando em torno de um terço do colégio eleitoral brasileiro, esse eleitorado cativo não garante a vitória do ex-presidente na sétima tentativa que pretende fazer de voltar ao cargo, em duas delas vitorioso. Pelo contrário: a torna temerária. Ainda mais porque os próximos meses serão incertos para o apoio ao - ainda - candidato do PT.

Mesmo desgastado, Lula ainda lidera as pesquisas, com mais do dobro do índice de Jair Bolsonaro, o segundo colocado. Qualquer que for o desfecho dos processos judiciais, provavelmente ninguém vencerá Lula no 1º turno da eleição, em outubro, na hipótese (hipotética mesmo) de ele escapar da lei da ficha suja, que o ameaça muito mais do que a prisão, por ser fatal. O desfecho 2º turno dependerá de surpresas e novidades.

A maioria dos brasileiros aprova a prisão de Lula, quer que a Operação Lava-Jato prossiga o combate aos corruptos e desacredita de políticos e partidos. Significa que está procurando um nome novo, que seja confiável, não esteja envolvido em corrupção e tenha posição ponderada, sem o extremismo que deverá marcar o 1º turno da eleição.

Por isso, o dado realmente novo e o mais importante da pesquisa Datafolha foi o índice de 10% que o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, alcançou na primeira vez em que o seu novo foi incluído na lista de candidatos. É uma façanha notável para quem ainda não é nem nunca foi candidato.

O maior desafio para o ex-presidente da mais alta corte de justiça do país seria passar para o 2º turno, por sua condição de zebra (mas não de poste, como era Dilma Rousseff). Ele precisará de bastante dinheiro, apoios e saúde (para lidar com seu problema de coluna) para se tornar uma imagem verdadeiramente nacional.

Com sua instabilidade emocional e azedume produzido por ressentimentos, justos mas impróprios para um candidato, ele tem um perfil com enorme potencial: de origem humilde, negro, feio, estudou muito, tornou-se um verdadeiro intelectual, subiu ao topo da sua carreira profissional, não tem nódoas na biografia nem pode ser apontado como corrupto.

O que o perseguiu ao longo da vida pode agora favorecê-lo, tornando-o o primeiro negro a assumir a presidência da república do país que foi um dos que mais utilizou a escravidão humana e o último a aceitar extingui-la. Tem um pouco de Lula e muito mais do que ele. Por isso, pode ir além do petista.

Não surpreende que Lula tenha colocado ao seu lado, no palanque montado para o seu discurso de despedida, em frente à sede do sindicato dos metalúrgicos, no ABC paulista: de um lado, Guilherme Boulos, líder do movimento dos sem-teto.; do outro, Manuela d'Ávila, do PC do B. Desiludiu os seus prováveis substitutos, que não compareceram ao ato, e assustou os que o temem com a possibilidade de radicalizar a política caso permaneça  na prisão.

Resta saber se Barbosa tem condições de ser candidato e competência para preencher um vácuo no inconsciente coletivo brasileiro em busca de um verdadeiro líder para tomá-lo como herói positivo.

LÚCIO FLÁVIO PINTO

 


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