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Fascismo vira tema de disputa eleitoral na Itália

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Violência política tem crescido nas últimas semanas

 Em um cenário de crise migratória e econômica, a Itália vê a reta final da campanha para as eleições de 4 de março ser tomada por uma palavra já derrotada no país há mais de 70 anos, mas que parece revitalizada: fascismo.

Desde o desmembramento de uma jovem italiana e o subsequente atentado contra negros que nada tinham a ver com o caso, a península vem convivendo com manifestações e até episódios de violência envolvendo a extrema direita e grupos antifascistas.

O tema ganha força na medida em que um partido que herdou parte do espólio ideológico do fascismo, o Irmãos da Itália (FDI), liderado por Giorgia Meloni (foto), está perto de chegar ao governo, levado pela coalizão de Silvio Berlusconi.

O debate referente ao fascismo se reacendeu no fim de janeiro, quando Pamela Mastropietro, 18 anos, foi encontrada morta e desmembrada na cidade de Pollenza, no centro do país. Após a abertura de investigações contra um nigeriano suspeito de envolvimento no caso, um militante italiano de extrema direita, Luca Traini, atirou e feriu seis imigrantes negros em Macerata.

Desde então, a esquerda vem tentando ganhar a batalha nas ruas com recorrentes atos antifascistas, mas a tensão só cresce.

Violência

Na última quarta-feira (21), um homem de 37 anos foi esfaqueado enquanto colava cartazes da aliança de extrema esquerda Poder ao Povo (PaP) na periferia de Perúgia. A agressão foi atribuída pela coalizão a "neofascistas".

Um dia antes, um dirigente do partido de extrema direita Força Nova havia sido atacado em Palermo por dois integrantes de centros sociais - a legenda é a mesma que queria repetir a "Marcha sobre Roma", manifestação que determinou a ascensão de Benito Mussolini ao poder na Itália.

O crescente clima bélico, reavivando o período dos "Anos de Chumbo", levou a Associação Nacional dos Partisans Italianos (Anpi) a convocar uma marcha chamada "Fascismo nunca mais", realizada no último fim de semana. "A multiplicação de grupos de inspiração fascista não deve ser subestimada", afirmou nesta segunda-feira (26) a presidente da Câmara dos Deputados da Itália, Laura Boldrini, de centro-esquerda.

"Na Itália há uma democracia que funciona, é mais sólida e forte, não pode temer um perigo fascista iminente", destacou o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, também de centro-esquerda, acrescentando que é preciso explicar aos jovens que o "nazifascismo não é um filme ou um jogo de Playstation".

Herança

Militantes neofascistas se dividem em formações como CasaPound e Força Nova, mas também se veem representados pelo FDI, partido fundado em 2013 e liderado por uma política que já disse ter uma "relação serena com o fascismo", que é uma "passagem da história nacional".

Meloni se pronuncia contra as leis raciais, a entrada na Segunda Guerra e o autoritarismo de Mussolini, mas também chamou Predappio, cidade onde o ditador está sepultado, de um "lugar onde se encontra uma infinidade de paixões e testemunhos".

A presidente do FDI evita abordar o tema diretamente. Já disse que não é fascista, mas nunca "antifascista", e, ao ser perguntada, afirma que prefere tratar de questões "deste milênio". Mas essa postura não é suficiente para afastar neofascistas dos comícios do FDI, onde não é raro ver braços esticados na famigerada "saudação romana", o símbolo gestual mais célebre do regime racista.

"Irmãos da Itália é o partido da ordem, da legalidade, do respeito às regras. Não é questão de fascismo, antifascismo, bobagens diversas. Eu quero falar dos problemas do povo", afirmou Meloni nesta segunda-feira.

Seu partido tem cerca de 5% das intenções de voto, mas integra a coalizão que lidera as pesquisas para as eleições de março, com o moderado Força Itália (FI), de Silvio Berlusconi, e a Liga Norte, que, sob o comando de Matteo Salvini, deixou de lado o sonho da independência da Padania e escolheu imigrantes clandestinos e a União Europeia como alvos.

A força da aliança já ficou comprovada no fim de 2017, quando as três legendas superaram uma esquerda dividida e levaram Nello Musumeci à vitória na disputa pelo governo da Sicília. Na bagagem, Musumeci tem 25 anos de militância no Movimento Social Italiano, fundado por expoentes do regime de Mussolini. Com informações da Ansa.

 

Fonte:Noticiasaominuto


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