Lula diz que fará 'vontade da PF' e se entregará 'de cabeça erguida'
Em discurso na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, ABC Paulista, na tarde deste sábado (7), Lula declarou que vai cumprir o mandado de prisão decretado pelo juiz federal Sérgio Moro, na última quinta-feira (5), e que vai se entregar à Polícia Federal.
"Eu vou atender o mandado deles, porque vou transferir responsabilidade. Eles acham que tudo é minha culpa", disse o ex-presidente. "Já tentaram me prender por obstrução de justiça, querem me prender preventivamente (...). mas eu vou lá e vão descobrir, pela primeira vez, o que tenho dito todo dia: eles não sabem que o problema desse pais não se chama Lula, se chama Justiça, se chama vocês e a consciência do povo".
O ex-presidente, condenado a mais de 12 anos de prisão, declarou que não adianta acabar com as ideias. "Eu não sou uma pessoa, sou uma ideia. Elas já estão pairando no ar. Quando eu parar de sonhar, eu sonharei pela cabeça de vocês e pelo sonho de vocês. Não adianta achar que tudo vai parar no dia que Lula tiver um infarto, pois o meu coração baterá pelo coração de vocês e por milhões de corações".
Antes de encerrar o discurso, Lula destacou que vai se entregar, de cabeça erguida. "Vou chegar ao delegado e dizer que estou à disposição. A história vai provar que quem cometeu o crime foi o delegado, o juiz que me acusou e o Ministério Público. Eu sairei dessa maior, mais forte, mais verdadeiro e inocente. Eu não tenho como pagar o carinho e respeito que vocês têm me dado nos últimos anos. Esse pescoço aqui eu não baixo. Vou entrar de cabeça erguida e sair de peito estufado porque vou provar a minha inocência".
O ex-presidente de 72 anos disse que gostaria de terminar o discurso com uma frase que ouviu em Catanduva, em 1982. "Não lembro o nome da menina, mas ela disse: 'os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a chegada da primavera'". Lula disse que "a nossa luta é em busca da primavera".
"Queremos mais casa, mais escola, não queremos repetir a barbaridade que fizeram com Marielle, com meninos negros nas comunidades. Não queremos mais que um jovem não tenha esperança de entrar na universidade. Este país é tão miserável que foi o último a ter uma universidade pública porque 'custava muito'. É se perguntar quanto custa não ter construído uma há 50 anos. Um beijo em todos vocês". O ex-presidente desceu do palanque e voltou a Sindicato dos Metalúrgicos carregado pelos braços da multidão, ao som de "Apesar de você", de Chico Buarque.
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