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Martinópolis, o sertão conquistado

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Antas, araras, biguás, capivaras, cobras, ariranhas, garças, inhambus, jacutingas, jacus, lagartos, lontras, macacos, maritacas, onças-pintadas, papagaios, perdizes, periquitos, tucanos e veados. Esses bichos e outros habitavam as margens do rio do Peixe, rico em corumbatás, pacus, piabas e lambaris. A expedição que conheceu seu sinuoso traçado de 500 quilômetros alcançou a sua foz em 4 de outubro de 1906, às 16h.

 

O livro Martinópolis, do passado ao presente não se limite ao urbano. O autor, José Carlos Daltozo, novamente nos coloca lá no meio do sertão da Alta Sorocabana paulista, onde o algodão e o cafezal faziam a riqueza do estado.

 

Em seis páginas, o autor descreve a história do café dentro da história de Martinópolis, destacando a crise mundial de 1929, a “grande depressão econômica que teve início nesse ano e persistiu ao longo da década de, terminando apenas com a Segunda Guerra Mundial”.

1930

No aspecto urbano, a foto do carro de boi em frente ao Bar Central é emblemática. Ali funcionava o ponto de jardineiras para Presidente Prudente. A multidão em frente ao cinema na década de 1930 também é.

A certidão de nascimento e crescimento dessa cidade de 25,9 mil habitantes, a 553 quilômetros de São Paulo ocupa um dos capítulos. O primeiro médico, Moacir Couto, ali chegou em 1930, socorrendo doentes até então atendidos por farmacêuticos.

 

Se o leitor gostou de Costumes e tradições rurais certamente apreciará o novo livro. Naquele, Daltozo relatou o fenômeno dos boias-frias em lavouras no oeste paulista nos anos 1970, homens e mulheres que levavam marmitas de madrugada, com arroz, feijão, farinha, e ovo frito, às vezes, um pedaço de carne, almoçando por volta de 11h, sob a sombra de árvores.

 

Gente que viajava em bancos de madeira nas carrocerias de caminhões cobertos por lonas e, posteriormente, transportada em ônibus sucateados.

 

Neste, ao descrever a saga do bandeirante José Teodoro de Souza em meados do século 19, das famílias Medeiros e Nantes, o autor expõe fotos bem nítidas a visita de fazendeiros à região, construção de casas de pau a pique, matas derrubadas.

O Ford 1929 se destaca, os participantes da Comissão Geográfica de 1906 também.

 

ESTRADA BOIADEIRA

 

A estrada boiadeira [aberta na área onde surgiu a represa Laranja Doce] é descrita no relato do capitão Francisco Whitaker, que lembra o trabalho do empreendedor Francisco Tibiriçá, cujos entendimentos com os governos paulista e mato-grossense possibilitaram a abertura do caminho entre São Mateus, na comarca de Campos Novos do Paranapanema até Vacaria (hoje Mato Grosso do Sul).

 

Transcreve a narrativa do engenheiro baiano Teodoro Fernandes Sampaio e do professor da USDP Bruno Giovanetti, a respeito da presença indígena na região, com ênfase para os Caiuás, “mais numerosos e ocupantes de maior extensão de terras entre os rios Paranapanema e Peixe”.

 

A marcha do trem de ferro mostra a epopeia do trem. E assim sabemos que o povoado do mineiro José Teodoro nascera numa fazenda anteriormente desmembrada da Gleba Montalvão.

 

“Em muitos casos, a ferrovia delimitava o traçado urbanístico dos povoados, e não foi diferente em José Teodoro. Um lado da ferrovia começou a ser loteado em 1924, e o outro lado, chamado de Vila Alegrete, em 1936”.

 

DIÁRIO DA COLONIZAÇÃO

 

Naquele período, bastava ser proprietário de uma gleba de terras para fazer o seu retalhamento. Contratava-se um agrimensor, faziam-se as medições e vendiam-se os lotes, que eram regularmente escriturados. Claro, havia pendências judiciais de divisas.

 

O advogado João Gomes Martins Filho compareceu ao Cartório de Imóveis de Presidente Prudente em fins de 1938, para legalizar o Núcleo Colonial Boa Ventura, que nascera em terras de seu pai João Gomes Martins.

Daí, para a atual Martinópolis, o livro é farto em datas, tamanho da terra, medição de afluentes [tamanho das águas] relatos e recibos.

 

Alguns interessantes pertencem ao diário de Gomes Filho e datam de 1924. Nele há nomes de colonizadores e arrendatários:

 

10 – Chegou o Sr. Acácio de Oliveira, e tornou a embarcar. Correm boatos alarmantes. Em Presidente Prudente e no Porto tem havido escaramuças.
21 – Choveu. Engenheiro não mudou por esse motivo.
22 – Chegaram cedo 2 japoneses para ver as terras. Sr. Corrêa foi mostra-las (picadão). Despedida do Sr. Batista. Irei para o mato, no 4º acampamento. Japoneses gostaram. Poucas madeiras. Passou o Aureliano, que trouxe mais de 5.000 impressos e 2 cartas urgentíssimas para o Dr. Valery. Voltei por não ter a rede. Vim 4 Km no cavalo de Jorge de Souza.



MONTEZUMA CRUZ

 


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