PACIFICAÇÃO: Confúcio caminha de calção na chuva, sobe ao gabinete e se acerta com Daniel

Às 7h da manhã de ontem, terça, 20/04, o salgadeiro Francisco Leite da Costa, o Ceará, comenta com os repórteres: “Rapaz, ele passou cedinho aqui na frente, cumprimentou a mim e a outras pessoas”.

Referia-se ao governador Confúcio Moura, que caminhava de calção, sob leve chuva, em frente ao Palácio Rio Madeira.

Reaproximados, governador e vice retomaram na manhã de hoje (21) uma série de compromissos que não dependem do calendário eleitoral.

Da caminhada matinal na manhã chuvosa, quando chamou a atenção de pessoas que andavamna calçada em frente ao palácio, onde mora (10º andar) Confúcio banhou-se em casa e se reuniu com o vice-governador Daniel Pereira, que o aguardava no gabinete desde às 6h.

Segundo informações, no reencontro de ambos na sede do governo, não se tratou da permanência ou não de Confúcio após o dia sete de abril, prazo para a desincompatibilização de ocupantes de cargos públicos, com vistas às eleições de outubro deste ano.

“O clima foi totalmente amistoso, agradável, e de lá eles saíram juntos para o Fórum da revista Exame”, comentou anossa fonte.

REATARAM APÓS O ROMPIMENTO

Na retomada do diálogo entre governador e vice entrou em pauta a pacificação do ambiente político, o desenvolvimento de Rondônia e as relações governamentais com investidores externos atraídos pela boa performance do governo e de Rondônia diante das dificuldades nacionais.

Como se sabe, o governador Confúcio (MDB) Moura rompeu com o vice Daniel Pereira (PSB), por divergências quanto às substituições de titulares do primeiro escalão, que já vinham sendo feitas na transição de governo, em função da renúncia do titular com vistas à candidatura ao Senado da República. E ainda houve o componente do grampo envolvendo dois deputados estaduais. Por coincidência ou não, estes fatores levaram o chefe do executivo estadual a declarar que ficaria no cargo até o final do mandato em 31 de dezembro deste ano.

Relembre o caso

O grampo foi divulgado na primeira semana de março.

Depois disso, diversas negociações na área econômica, atribuídas a Daniel estavam suspensas. Alguns segmentos ficaram praticamente desnorteados em consequência de conversações interrompidas, admitem assessores.

Seguidamente dirigentes estaduais do PMDB e o senador Valdir Raupp (MDB)-RO) queixavam-se a Confúcio do crescimento de Daniel e se incomodavam com os rumos das futuras convenções partidárias. Raupp quer se reeleger senador.

Até o momento não houve confirmação nem desmentido, muito menos perícia, para se identificar a autoria desse grampo que chegou a ser atribuído ao chefe da Casa Civil, Emerson Castro. E desmentido.

Na semana passada, esses dirigentes do MDB, sem a presença de Confúcio, reafirmaram em Monte Negro que o candidato do partido ao governo de Rondônia é Maurão de Carvalho.

No intervalo entre o estouro do grampo e as semanas seguintes, técnicos de Daniel foram devolvidos às respectivas áreas de origem. Agora devem fazer o caminho de volta ao gabinete.

CONFIANÇA NO VICE

Ao NotíciasTudo Aqui, nossa fonte lembrou que Confúcio, no início do mandato, teria ditoao vice que administrariam juntos: “o governo terá dois governadores. Temos muito o que fazer. Um só não dá conta”. Desde então, Daniel sempre teve papel de destaque no governo. Cumpriu missões importantes e representou o estado em fóruns nacionais e internacionais. Sempre em sintonia com o titular do executivo rondoniense.

Assim, se dividiram em tarefas e missões.Por exemplo, coube a Daniel estreitar laços e projetar acordos bilaterais de comércio com a Bolívia e o Peru.

Ao mesmo tempo, viajou para a Coreia do Sul e de lá atraiu investidores para o setor agrícola e ambiental. Nessa parceria, empresários sul-coreanos prometeram abrir mercado para o café conillon rondoniense no Vietnã, que com eles mantêm antiga abertura comercial.

O vice visitou consulados e embaixadas em Brasília, conquistando mais adesões à 7ª Feira Rondônia Rural Show, o maior evento da região norte do setor de agronegócios e da agricultura familiar.

O Daniel “embaixador” durou até a crise das nomeações e do grampo, paralela a alguma insatisfação de Confúcio com as primeiras mudanças que o vice imprimiria ao governo. Elas ocorriam antes da desincompatibilização, a exemplo da substituição do comandante da PM e do DER.

COMPASSO DE ESPERA

Do ponto de vista político eleitoral, a condução do processo nesses 17 dias que antecedem ao prazo do calendário eleitoral – dia 7 de abril para renunciar ou ficar no cargo - é que definirá os parâmetros sucessórios.

Confúcio, só ele, e não mais o MDB, dirá se permanece governando o estado até 31 de dezembro, ou se concorrerá a uma vaga no Senado Federal e por qual partido, o que abre espaço para Daniel Pereira assumir e trabalhar para seus próximos voos políticos. E, até, retomar o projeto de reeleição.

Nosso interlocutor lembrou a trajetória de Confúcio Moura e a sua maneira de agir:“Confúcio é da paz. Não é de brigar com ninguém. Não se conhece na vida dele bate-bocas com parceiros ou opositores, nem atos de perseguição a ninguém, É acolhedor”.

As relações do governador com o PT são exemplo disso, explicou a fonte. “Vejam o governo, aí tem pessoas do PT ocupando cargos importantes desde o primeiro mandato. Ultimamente, acolheu o Gadelha, a ex-deputada Epifânia Barbosa e até a ex-senadora Fátima Cleide. Todos ocupando cargos importantes no governo.Isso acrescentou a fonte, caracteriza “o diálogo, a diplomacia e o respeito manifestados por Confúcio a quem quer que seja”.