Costa Marques (RO), 24 de agosto de 2025 – Um relato corajoso e impactante nas redes sociais e na Justiça tem mobilizado o estado de Rondônia. Solivam Antonio de Oliveira Santana, ex-vereador de Costa Marques, foi condenado a 17 anos e 9 meses de prisão por estupro de vulnerável contra Rodrigo Borges, vítima quando criança. A sentença transitou em julgado em julho de 2025, mas o acusado permanece foragido.
Um Relato de Dor e Coragem
Sua filha, Anny Gabriele, com mais de 30 anos, denunciou publicamente os abusos sofridos durante a adolescência em vídeo nas redes sociais — abusos que teriam começado aos 12 anos, quando foi morar com o pai. “Uma pessoa que era para me proteger, era o meu abusador”, afirmou, revelando ter vivido violências físicas, psicológicas, sexuais e financeiras. Ela também relatou ter sido tratada como propriedade e mantida em cárcere privado, além de ter sido desacreditada ao tentar denunciar na época.
Outra vítima, Rodrigo Borges, expôs seu trauma: “Qualquer coisa que vocês imaginarem, ele fez. Isso me deixou uma merda na minha infância. Afetou tanto em relacionamentos, amizade e principalmente na minha relação com minha família”.
Do Silêncio à Justiça
A coragem de Anny em denunciar os crimes — mesmo que já prescritos em relação a ela — foi determinante. Ela encaminhou uma carta ao Ministério Público de Rondônia (MP-RO) relatando os abusos e indicando outras vítimas. O promotor André Luiz Rocha, do Núcleo de Atendimento a Vítimas (Navit), conduziu as investigações que culminaram na condenação de Solivam por crimes cometidos contra Rodrigo.
Apesar disso, Solivam continua foragido. A Polícia Civil de Rondônia divulgou sua imagem como procurado, enquanto Rodrigo pediu que o mandado fosse amplamente divulgado nas redes sociais para facilitar sua captura.
Contexto Alarmante
O caso evidencia um problema muito grave em Rondônia: segundo dados do Unicef e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o estado lidera em taxa de violência sexual contra crianças e adolescentes na Amazônia Legal, com 259,3 casos por 100 mil menores em Porto Velho, a maioria meninas de 10 a 14 anos, e predominância de vítimas negras e em áreas rurais.
A neuropsicóloga Anne Cleyanne Alves, da Associação Filhas do Boto Nunca Mais, ressalta que muitos abusadores são percebidos como “bom moço”, pois se passam por pessoas simpáticas e envolventes — o que dificulta o reconhecimento dos crimes.
Panorama Geral do Caso
Elemento | Descrição |
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Acusado | Solivam Antonio de Oliveira Santana, ex-vereador de Costa Marques (RO) |
Condenação | 17 anos e 9 meses por estupro de vulnerável (sentença transitada em jul/2025) |
Vítimas | Rodrigo Borges (menino abusado) e Anny Gabriele (ex-filtra; prescrição nos crimes a ela) |
Relatos públicos | Anny e Rodrigo expuseram violência com detalhes emocionais e históricos |
Impacto da denúncia | Fundamental para denúncia e investigação — mesmo após prescrição dos abusos sofridos por Anny |
Status do acusado | Foragido; imagem divulgada pela polícia para auxílio na captura |
Contexto regional | Alta incidência de violência sexual infantojuvenil em Rondônia; fragilidade de percepção de abusadores como “boa pessoa”. |
Reflexão Final
Essa história é um retrato doloroso da violência intrafamiliar e da luta de vítimas pela justiça. O relato de Anny simboliza resistência e solidariedade, rompendo um ciclo de silêncio que muitas vezes perpetua a impunidade. O caso também evidencia a urgência de políticas efetivas para proteção de crianças e adolescentes, além de campanhas de conscientização que desmitifiquem o estereótipo do abusador “bonzinho”.
Fonte: noticiastudoaqui.com