RECUSOU US$ 900 MILHÕES E DEU POR 500 - Brasil vende minas de níquel à China apesar de oferta superior: Lula entrega o país para Xi Jinping

Publicidade


Redação, Brasília, 26 de agosto de 2025 - A Anglo American concluiu — ou está em vias de concluir — a venda de seu negócio de níquel no Brasil à MMG (controlada em última instância pela estatal chinesa China Minmetals) por até US$ 500 milhões.

O pacote inclui as operações de ferroníquel de Barro Alto e Codemin (Niquelândia), além de dois projetos em desenvolvimento no Pará e em Mato Grosso.

A operação provocou uma reação política e jurídica imediata: uma rival — a Corex Holding, ligada ao grupo turco Yıldırım — afirma ter apresentado oferta muito maior (cerca de US$ 900 milhões) e já acionou autoridades concorrenciais no Brasil e na União Europeia.

Autoridades brasileiras (INCRA) e grupos internacionais também passaram a monitorar o negócio por riscos à soberania e à segurança de fornecimento de minerais críticos.

O que foi vendido — números e estrutura do negócio

O acordo anunciado em 18 de fevereiro de 2025 prevê pagamento total de até US$ 500 milhões: US$ 350 milhões no fechamento e pagamentos contingentes (até US$ 150 milhões) atrelados ao preço do níquel e a decisões de investimento nos projetos. O conjunto cobre as plantas operacionais de Barro Alto e Codemin (Niquelândia) e dois projetos “greenfield” — Jacaré (Pará) e Morro Sem Boné (Mato Grosso). Segundo divulgação das próprias empresas, os ativos produziram ~39,4 mil toneladas de níquel em 2024 (ferroníquel).

Publicidade

Quem são as partes

  • Vendedora: Anglo American — multinacional com sede no Reino Unido que vem simplificando seu portfólio (foco em cobre, minério de ferro e nutrientes).
  • Compradora: MMG Limited / MMG Singapore Resources — empresa listada em Hong Kong, com controle final pela estatal chinesa China Minmetals; a operação representa a entrada formal do grupo no portfólio de níquel brasileiro.
  • Concorrente que contesta: Corex Holding B.V. (ligada ao grupo Yıldırım) — a companhia afirmaria ter apresentado oferta substancialmente superior e protocolou representação junto ao CADE no Brasil; também encaminhou petição à Comissão Europeia. Há documento formal da Corex dirigido ao CADE, que questiona a operação sob a ótica da Lei de Defesa da Concorrência.

A controvérsia: por que a venda irritou concorrentes e governos

Dois pontos concentram as críticas:

  1. Valor da transação vs. oferta rival — a Corex alega ter oferecido cerca de US$ 900 milhões, quase o dobro do valor fechado com a MMG, e questiona se o processo de venda foi conduzido de forma plenamente competitiva. (A Corex formalizou denúncia ao CADE e enviou material à UE.);
  2. Risco de concentração e segurança de fornecimento — a Corex e entidades externas sustentam que a operação amplia o domínio chinês sobre o níquel, um insumo crítico para baterias e veículos elétricos, e poderia reduzir a diversidade de fornecedores para compradores ocidentais. O Poder360 e o próprio documento da Corex mencionam estimativas segundo as quais, em cenário pós-operação, entidades controladas pelo governo chinês poderiam representar parcela expressiva do fornecimento nacional (e influenciar mercados globais).

Reações internacionais e efeitos geopolíticos

  • Estados Unidos: a American Iron and Steel Institute (AISI) pediu ao governo dos EUA que avalie a questão e pressione interlocutores — inclusive o Brasil — diante do risco de concentração do fornecimento de níquel. Organismos e grupos do setor têm expressado preocupação sobre a dependência de fornecedores que hoje concentram participação na Indonésia e (agora) ampliaram a fatia associada ao ativo brasileiro.
  • União Europeia: a operação foi notificada ao bloco (caso M.11944), mas as tramitações registram movimentações formais — por exemplo, houve retirada de notificação/documentos públicos relacionados (procedimento administrativo do mês de abril/maio). A Comissão Europeia acompanha transações que possam afetar “Critical Raw Materials” e a segurança de abastecimento.
  • Brasil: além do recurso ao CADE pela Corex, o INCRA recebeu ofício para verificar eventuais restrições relativas à compra de terras rurais por estrangeiros nas áreas de mineração (áreas “sensíveis” nos estados onde estão os ativos). Ou seja, o negócio já entrou em múltiplas frentes de escrutínio público e administrativo no país.

Por que a Anglo aceitou um comprador “mais barato”? Explicações possíveis (e o que se sabe)

A Anglo e a MMG afirmaram que o processo foi competitivo e que a escolha seguiu critérios comerciais; o contrato prevê parcela contingente significativa, o que reduz incerteza sobre o preço final. Analistas e fontes do setor costumam apontar que certeza de financiamento, condições contratuais, cláusulas de fechamento, e garantias regulatórias pesam tanto quanto o valor nominal de uma oferta — uma proposta aparentemente maior pode ter condições que complicam o fechamento (financiamento, due diligence, requisitos condicionais, cronograma). Até o momento, não há documentação pública capaz de demonstrar que a Corex entregou uma proposta vinculante nas mesmas condições. Em comunicados oficiais, a Anglo ressaltou que o processo foi “altamente competitivo”.

Impactos práticos — mercado, empregos e políticas públicas

  • Mercado doméstico: concentração de produção altera o poder de negociação de compradores no Brasil (indústrias de aço inoxidável, fabricantes de baterias/EVs). A Corex alega impactos nos preços, prazos e confiabilidade do fornecimento.
  • Emprego e operações locais: MMG destaca compromissos com empregados e comunidades; contratos e concessões terão de ser honrados e podem entrar em reavaliação técnica e ambiental conforme reguladores exigirem.
  • Política industrial e soberania: o episódio acelerou debates sobre como o Brasil regula venda de ativos minerários estratégicos — inclusive se deveria haver mecanismos mais rígidos de revisão por interesse nacional ou incentivos para desenvolvimento da cadeia local (refino, metalurgia, baterias).

O que vem a seguir (procedimentos e prazos)

  1. CADE: análise da denúncia da Corex; o órgão pode abrir processo administrativo, pedir informações às partes, e — se entender necessário — impor remédios (investigações, condições) ou rejeitar a denúncia. Já existe a representação formal da Corex dirigida ao CADE.
  2. Comissão Europeia / outras jurisdições: dependendo do estágio e do interesse, Bruxelas pode reabrir investigação sobre impactos extraterritoriais no mercado europeu de matérias-primas críticas; houve notificação/registro do caso (M.11944) nos primeiros meses de 2025.
  3. Investigação administrativa no Brasil: INCRA recebeu pedido de verificação sobre posse/compra de terras por estrangeiros nas áreas envolvidas.

Conclusão — por que o episódio importa

A venda das minas de níquel brasileiras ao grupo ligado ao Estado chinês coloca o Brasil no centro de uma disputa global por minerais críticos. Além do valor financeiro da operação, a discussão é sobre quem controla matérias-primas essenciais para a transição energética mundial e sobre que regras o Brasil aplica quando ativos estratégicos são transferidos para atores estrangeiros. As próximas semanas deverão mostrar se CADE, a UE ou interlocutores internacionais imporão condições — ou se o negócio seguirá para fechamento sem restrições. Enquanto isso, o caso torna-se um exemplo prático de como decisões corporativas privadas têm efeitos diretos na geopolítica e na política industrial.

Publicidade


Fonte: noticiastudoaqui.com


Publicidade

Noticias da Semana

Publicidade

Veja +