Marcos Rogério eleva tom e critica Marcos Rocha sobre conflito de terras: “O que acontece tem a ver com o Governo”



Redação, Porto Velho (RO), 05 de novembro de 2025 - O senador Marcos Rogério (PL–Ji-Paraná) voltou a protagonizar um dos momentos mais tensos da recente agenda política rondoniense.

Durante o seminário temático promovido pela subcomissão CRATerras, da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado Federal, realizado na Assembleia Legislativa de Rondônia (ALERO) na última sexta-feira (31), o parlamentar fez um discurso contundente, com críticas veladas ao governador Coronel Marcos Rocha (União Brasil), responsabilizando o governo estadual por problemas enfrentados pelos produtores rurais e comunidades afetadas por disputas fundiárias e ambientais.

Críticas e cobrança diretas

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Embora sem citar nomes, Marcos Rogério deixou claro o alvo de suas declarações ao afirmar que “o que acontece em Rondônia tem a ver sim com o Governo do Estado”. A fala foi recebida com aplausos de parte do público presente — majoritariamente produtores rurais e representantes do setor agropecuário — e sinalizou um distanciamento político definitivo entre o senador e o governador, antigos aliados no campo conservador.

O senador reforçou que as dificuldades no escoamento da produção, na regularização de terras e no acesso a políticas públicas não podem ser atribuídas apenas a fatores externos. “É preciso respeito ao povo de Rondônia. Quem está no comando tem a obrigação de ouvir e agir”, declarou.

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Ataques velados e críticas à gestão estadual

Num segundo momento de sua fala, Marcos Rogério intensificou o tom e fez uma crítica direta à postura do governador Marcos Rocha, acusando-o de distanciamento da realidade enfrentada pela população rural.

“Tem gente que não sai de casa pra ver como acontece a vida real lá fora. Não vai ouvir a comunidade, não vai discutir com quem está sofrendo porque não pode vender o seu boi, porque não pode tirar o seu produto da propriedade — e depois vem dizer que isso não tem nada a ver com o Governo do Estado de Rondônia”, declarou o senador, sob aplausos e manifestações de apoio da plateia.

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A fala teve repercussão imediata no plenário, onde o clima político ficou evidente: enquanto aliados do governo estadual demonstravam desconforto, setores ligados ao agronegócio e à bancada ruralista comemoravam a “coragem” do parlamentar.

A disputa com o governador e a defesa da bancada federal

Em outro trecho do discurso, Marcos Rogério também rebateu declarações recentes do governador Marcos Rocha, que havia criticado a Bancada Federal de Rondônia, acusando-a de omissão nas discussões sobre conflitos de terras e questões indígenas.

Rogério reagiu de forma incisiva:

“A Bancada Federal está fazendo e fazendo muito, há muito tempo, por Rondônia e pelos produtores rurais”, afirmou, exibindo documentos encaminhados à Funai e ao Incra que, segundo ele, comprovariam a atuação do grupo parlamentar.

O senador destacou que o Legislativo federal tem cobrado posicionamentos técnicos dos órgãos responsáveis, mas que os entraves persistem devido à “falta de vontade política e ao ativismo ideológico” dentro da estrutura do Estado e de entidades ambientais.

O documento e a questão da Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau

Entre os temas abordados, Marcos Rogério citou um documento encaminhado à Funai e ao Incra sobre a área em litígio no entorno da Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, um dos territórios mais extensos e controversos de Rondônia.
Segundo o senador, os próprios órgãos federais teriam reconhecido erros técnicos na delimitação de parte da área, mas não teriam corrigido o problema devido à influência de setores ambientais e indigenistas.

“O erro está identificado, mas não é resolvido porque se tornou uma questão ideológica. É o ativismo ambiental travando o desenvolvimento e o direito de quem produz”, afirmou Rogério.

O discurso alinhou-se à pauta da bancada ruralista, que há anos denuncia “excessos da Funai” e pede a revisão de demarcações. No entanto, entidades indígenas e ambientalistas afirmam que o senador utiliza a questão fundiária como bandeira política, e que as demarcações seguem parâmetros legais e estudos antropológicos reconhecidos.

Rompimento político e cenário de 2026

O episódio reforça o distanciamento entre Marcos Rogério e Marcos Rocha, que até pouco tempo dividiam o mesmo campo conservador em Rondônia. A troca de críticas públicas amplia a especulação sobre o cenário político de 2026, em que o senador deve tentar ampliar sua influência estadual e Rocha avaliar uma possível candidatura à reeleição ou ao Senado.

O discurso de Rogério também serviu como posicionamento estratégico junto ao setor produtivo, um dos mais organizados e influentes grupos políticos do estado. Ao responsabilizar o governo estadual pelos entraves fundiários e atacar a “inércia ideológica”, o senador consolidou-se como porta-voz do agronegócio rondoniense — e, indiretamente, como adversário do atual governador.

Conclusão

O seminário da CRATerras, que pretendia discutir tecnicamente os impasses sobre terras indígenas e regularização fundiária, transformou-se em um palco de embates políticos.

As declarações de Marcos Rogério, ao mesmo tempo que exaltam o discurso de defesa do produtor rural, escancaram o racha entre lideranças conservadoras de Rondônia e reposicionam o senador no tabuleiro político estadual.

O embate entre Marcos Rogério e Marcos Rocha promete ganhar novos capítulos à medida que o debate sobre terras e políticas ambientais continue no centro da agenda rondoniense — um tema que, mais do que técnico, tornou-se o símbolo das disputas de poder e identidade política no coração da Amazônia Legal.

Fonte: noticiastudoaqui.com



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