O SILÊNCIO DOS GRANDES: O DESRESPEITO NA DESPEDIDA DE CARLOS ALBERTO PARAGUASSU




O SILÊNCIO DOS GRANDES: O DESRESPEITO NA DESPEDIDA DE CARLOS ALBERTO PARAGUASSU

Arimar Souza de Sá

Rondônia perdeu, nesta semana, um de seus maiores intelectuais. Mas o que se viu em seu velório foi um retrato amargo — cruel — da indiferença institucional. O professor Carlos Alberto Paraguassu Chaves, pós-doutor, pesquisador e escritor que fez do conhecimento sua bandeira e da educação sua missão de vida, foi sepultado sem a presença de qualquer autoridade pública, acadêmica ou cultural.

Nem a Universidade Federal de Rondônia (Unir), onde Paraguassu trilhou sua carreira desde a juventude até a aposentadoria, enviou representante, coroa de flores ou mensagem oficial. A reitoria da Unir, que deveria personificar o respeito e a gratidão da instituição à memória de quem tanto a engrandeceu, não compareceu — nem enviou alguém em seu nome.

E, de forma ainda mais dolorosa, a maioria dos próprios colegas do professor, aqueles que hoje disputam espaço, reconhecimento e títulos dentro da universidade, deram de ombros para o adeus aquele homem semeador do saber. O silêncio deles foi mais que ausência: foi um grito mudo de vaidade, egoísmo e esquecimento, o retrato de uma academia que, tantas vezes, fecha as portas do coração ao mestre que a ergueu desde a primavera de seus dias, até o merecido descanso, com o saber e dignidade.

Também a Academia Rondoniense de Letras de Rondônia, guardiã da palavra e do pensamento, se calou. Nenhum representante, nenhum gesto, nenhuma flor. E, no entanto, Paraguassu foi um semeador de letras, um homem que escreveu, ensinou e levou o nome de Rondônia às universidades de Havana e Salamanca, deixando marcas nas páginas do mundo e no coração de quem aprendeu com ele.

Enquanto as instituições se calaram, foi o povo quem falou. Amigos, ex-alunos e admiradores anônimos estiveram presentes — uns com lágrimas, outros com o olhar perdido de quem ainda não acreditava. O velório foi simples, mas carregado de grandeza silenciosa, porque ali repousava não apenas um homem, mas um símbolo da inteligência rondoniense, alguém que fez do saber uma ponte entre Rondônia, a Amazônia e o mundo.

A omissão da Unir e da Academia Rondoniense de Letras não é mero descuido protocolar — é uma ferida moral aberta, que sangra sobre a memória de um intelectual que jamais se omitiu. É o apagão da gratidão, um eclipse de valores que deveria envergonhar os intelectuais que se dizem herdeiros do pensamento e da cultura desta terra.

Carlos Alberto Paraguassu Chaves foi mais que um professor: foi um farol de sabedoria em tempos de sombras, um construtor de caminhos, um missionário do conhecimento. Partiu em silêncio — o mesmo silêncio cúmplice daqueles que se esqueceram de lhe dizer, com a reverência e o afeto que ele merecia:
“Muito obrigado, professor. Vá em paz, que Deus o receba na eternidade dos justos. ”
Amém!



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