Publicidade

MONTEZUMA CRUZ - Porto Velho, Amazonas, enaltece o governador Bacellar

Publicidade


Em 1º de janeiro de 1918, passados 107 anos, a edição nº 65 do jornal Alto Madeira via "tudo azul", ou seja, o Estado do Amazonas estava bem em sua gigantesca porção que alcançava a margem do Rio Madeira. Ao leitor mais jovem, que ainda não consultou história regional, saiba: Porto Velho tinha uma parte pertencente Amazonas. A edição comemorava o "primeiro anno" de governo do Sr. Pedro de Alcântara Bacellar, louvando sua "administração honesta e criteriosa." Atualizei a grafia.

Para o jornal, Bacellar atendia particularmente as condições especialíssimas do Amazonas. Isso, "em meio à crise opressora que desde há muito tempo nos vem embaraçando os surtos de progresso."

Bacellar foi médico, prefeito de Humaitá e, finalmente, presidente-governador) do Amazonas entre 1917a 1921, nomeado elo presidente Venceslau Brás.

Segundo o jornal, a administração Bacellar "inspirava-se nos sentimentos cívicos, se norteando por uma apreciável e reconhecida conduta de abnegado devotamento ao bem público, defendendo por todos os meios os sagrados interesses do estado, cuja sorte e cujo futuro são uma preocupação constante do atual governador."

"Envolvido embora em sérias e irremediáveis dificuldades financeiras; assediado por um sem número de pretendentes incontestáveis; castigado pelo serviço exaustivo; lutando com os maiores empecilhos, o Dr. Alcântara Bacellar vence o primeiro ano de administração com o estoicismo dos que têm a força de vontade, com a serenidade de uma consciência escoimada de culpas e a convicção de patriota dedicado, implantando no estado o regime ordem e da paz, que são a base do progresso, restabelecendo a confiança aos incréus, regularizando o serviço público, elevando assim o nome do Amazonas à culminância que merece entre os demais estados da República."

O texto enaltecia, ainda, "o regime de tolerância política, assegurando todas as garantias constitucionais à livre manifestação da imprensa, fomentando a lavoura, normalizando o crédito (...)"

Nessa edição, a primeira página também destacava o plano regional:

"A data de hoje é uma daquelas que não podem ser despercebidas da população de Santo Antônio do Rio Madeira. Releva-se de importância a posse do intendente geral e vereadores eleitos."

"Pode-se dizer que somente agora vai começar a vida normal do município, com a composição de seus corpos executivo e legislativo, da escolha livre e espontânea do eleitorado num pleito memorável, cientes todos esses cidadãos de suas responsabilidades, cônscios dos seus deveres, nos honrosos indumentos dos cargos que lhes foram confiados."

Otimista, o jornal arriscava prever: "Cessarão naturalmente as competições políticas que tanto ocorreram para o aquebrantamento do vizinho município; terminarão as lutas estéreis; dissipar-se-ão rancores injustificáveis, uma vez que ambos os partidos que ali militam têm representação na Câmara Municipal, uma corporação especialmente política que deve merecer o apreço do executivo e o apoio de quantos a reconhecem como poder representativo local de influência preponderante nos negócios públicos (...)."

Vida Social:

● "A esposa de nosso amigo Francisco Alves Erse, dona Marieta de Menezes Erse, deu à luz, no dia 29 do mês passado um interessante menino que recebeu o nome de Austerlitz."

Internacional:

O jornal menciona fatos da 1ª Guerra Mundial, que começou em 28 de julho de 1914 e durou até 11 de novembro de 1918.

● O avanço vitorioso dos ingleses ao norte de Jerusalém e a proposta de paz aos aliados, pelo Natal.

● "Destroyers alemães puseram a pique um comboio de navios neutros e um vaso de guerra britânico que os escoltava no Mar do Norte. O exército franco-italiano susteve a ofensiva germânica na região do Piave, apesar dos desesperados esforços do exército invasor. Foram condecorados diversos aviadores que servem no corpo de aviadores do exército francês. Na guerra civil na Rússia, Kerensky refez suas forças e avança sobre Petrogrado."

Na seção Correio do Amazonas:

● "Na Avenida Major Gabriel, o cabo de polícia Joaquim Ignacio Pereira, por questões particulares, desfechou três tiros de revólver em José Nunes Coimbra, distribuidor do "Diário Official", ferindo-o levemente no braço esquerdo. Coimbra reagiu, dando-lhe uma facada. Foram ambos presos."

____

Joaquim Tanajura era o superintendente municipal de Porto Velho. O jornal era dirigido na época por João Soares Braga e Cincinato Elias Ferreira. Bissemanal, tinha sua Redação e Oficina Gráfica na Avenida 7 de Setembro.

Mais sobre Santo Antônio do Rio Madeira, no livro: "A cidade que não existe mais", do jornalista Júlio Olivar.


Publicidade

Noticias da Semana

Publicidade

Veja +

Publicidade
Publicidade