Redação, 26/06/2025 – O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta novas críticas após denúncias de que teria deliberadamente retardado a concessão de novos benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Segundo reportagem publicada pela Folha de S.Paulo, documentos internos indicam que a gestão federal priorizou pedidos de revisão de aposentadorias e pensões — em vez das novas solicitações — como forma de contornar restrições orçamentárias.
O resultado foi um salto expressivo na fila de espera: de 1 milhão de pedidos em atraso no início do governo, em 2023, para quase 2,7 milhões em abril de 2025 — a maior marca já registrada desde o início da série histórica.
Manobra fiscal ou má gestão?
O Ministério da Previdência nega irregularidades, mas documentos internos obtidos pela imprensa sugerem que a orientação teria partido de instâncias superiores, inclusive da equipe econômica. O foco nos processos de revisão, geralmente menos custosos ao Tesouro, teria como objetivo controlar os gastos com benefícios sociais sem ampliar o déficit público.
Críticos da medida afirmam que a manobra se trata de uma “tungada institucionalizada” — uma forma de negar, na prática, direitos previdenciários que já são assegurados por lei. A demora na análise dos pedidos representa meses de espera (e, para muitos segurados, de desespero) enquanto enfrentam dificuldades financeiras sem aposentadoria, pensão ou auxílio.
“É uma fila que o governo está inflando propositalmente. Isso não é só má gestão, é crueldade com quem mais precisa”, disse um técnico da área previdenciária sob anonimato.
Um velho problema, agora com nova estratégia?
Especialistas em contas públicas lembram que atrasos no INSS não são novidade, mas o uso estratégico dessas filas para equilibrar artificialmente o orçamento é o que mais chama a atenção. O episódio lembra, para alguns, o período entre 2014 e 2016, quando o governo Dilma Rousseff foi acusado de usar recursos de bancos públicos para pagar benefícios sociais — o que ficou conhecido como parte das "pedaladas fiscais".
Agora, a crítica central é de que o governo estaria praticando um “ajuste fiscal silencioso” às custas dos aposentados e pensionistas. A fila de concessões virou, na prática, um instrumento de contenção de gastos.
Reações no Congresso e na sociedade
A oposição reagiu com veemência à denúncia. Parlamentares do PL, Novo e Republicanos prometem convocar o ministro da Previdência para prestar esclarecimentos na Câmara dos Deputados.
“Estão tungando os aposentados enquanto fazem política com isenção de imposto de renda. É irresponsável”, disse o deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS).
Nas redes sociais, o termo #FilaDoINSS ganhou força ao longo desta quinta-feira (26), com milhares de relatos de pessoas que aguardam há mais de um ano pela análise de seus pedidos. Algumas delas relataram já ter desistido de recorrer à Justiça por falta de recursos.
O que diz o governo?
Em nota oficial, o Ministério da Previdência afirmou que o aumento da fila se deve à “demanda reprimida e ao crescimento natural de solicitações”, e que medidas estão sendo tomadas para agilizar os processos, como a contratação de peritos e analistas. Também negou que haja orientação deliberada para represar benefícios.
No entanto, a pasta não comentou diretamente os documentos citados pela Folha que indicariam uma estratégia orçamentária por trás da priorização de revisões.
E o cidadão?
Enquanto o embate político se intensifica, milhões de brasileiros seguem à espera de uma resposta do INSS — alguns sobrevivendo com a ajuda de familiares, outros endividados ou sem condições mínimas de sustento.
O caso escancara a fragilidade da rede previdenciária brasileira e acende o alerta: o custo de equilibrar as contas públicas não pode ser pago por quem mais depende do Estado.
Fonte: noticiastudoaqui.com