LADRÕES DO DINHEIRO DA COVID - Aliado de Motta, deputado federal Ricardo Ayres é alvo de operação da PF sobre fraudes no TO

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Parlamentar foi alvo de mandados de busca e apreensão na mesma operação que afastou o governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa

O deputado federal Ricardo Ayres (Republicanos-TO) foi um dos alvos da operação da Polícia Federal que apura fraudes e desvios de emendas parlamentares durante a pandemia de covid-19, deflagrada nesta quarta-feira, 3, e que também gerou o afastamento do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos).

No âmbito da operação Fames-19 da PF, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou o cumprimento de busca e apreensão no apartamento funcional de Ricardo Ayres. A decisão é do ministro Mauro Campbell. Segundo a investigação, os fatos investigados são da época em que Ayres atuava como deputado estadual.

Na decisão do magistrado, a PF aponta que 'afiguram-se necessárias as buscas e apreensões em desfavor de Ricardo Ayres de Carvalho'. No relatório remetido ao STJ, a investigação detalha que foi encontrado registro manuscrito, para fins de controle, do nome do parlamentar, à época deputado estadual, em documentos fiscais emitidos por uma empresa varejista investigada.

A PF indica que o estabelecimento foi instrumentalizado para fornecer cestas básicas de 'existência meramente formal'. Além do manuscrito, Ayres constou em planilha de controle de pagamentos, em que um investigado direcionou R$ 900 mil para a empresa e R$ 1,1 milhão para outro negócio.

Ayres, por sua vez, teria destinado cerca de R$ 1,7 milhão para a contratação da primeira empresa investigada, além de R$ 1,2 milhão para um mercado de carnes, também investigado pela PF.

Em nota à imprensa, Ricardo Ayres diz 'receber com serenidade' a deflagração da nova fase da operação e nega envolvimento com os atos apurados pela Polícia Federal, além de que sua citação decorreria apenas de sua condição de parlamentar no período investigado.

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“Recebo com serenidade a deflagração da nova fase da Operação Fames-19, conduzida pela Polícia Federal, em razão exclusiva de eu ter exercido, à época dos fatos investigados, o mandato de deputado estadual. Ressalto que não tenho qualquer relação com os atos apurados e que minha citação decorre apenas da condição de parlamentar naquele período", afirmou Ayres.

"Reitero meu respeito às instituições e ao trabalho investigativo em curso, colocando-me integralmente à disposição para colaborar com as autoridades sempre que necessário”, completou o deputado.

Aliado de Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara dos Deputados, Ricardo Ayres chegou a ser escolhido como relator da CPMI do INSS, antes da reviravolta da oposição que colocou o deputado federal Alfredo Gaspar (União-AL) na relatoria da comissão.

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Operação Fames-19 e afastamento de governador

A operação da Polícia Federal, que teve nova fase deflagrada nesta quarta-feira, apura desvio de dinheiro destinado ao enfrentamento da pandemia de covid-19, incluindo verbas parlamentares voltadas à compra de cestas básicas.

Segundo a investigação, foram pagos mais de R$ 97 milhões em contratos para fornecimento de cestas básicas e frangos congelados, com prejuízo estimado de R$ 73 milhões aos cofres públicos.

A operação também resultou no afastamento de Wanderlei Barbosa (Republicanos), governador do Tocantins, por seis meses. Segundo o STJ, a primeira-dama Karine Sotero Campos também foi afastada do cargo de secretária extraordinária de Participações Sociais.

Mais de 200 policiais federais cumprem 51 mandados de busca e apreensão, além de outras medidas cautelares para reunir novos elementos sobre o uso de emendas parlamentares e o recebimento de vantagens indevidas por agentes públicos e políticos. Os mandados foram cumpridos nas cidades de Palmas e Araguaína (TO), no Distrito Federal, em Imperatriz (MA) e em João Pessoa (PB).

As investigações tramitam sob sigilo no Superior Tribunal de Justiça (STJ). À reportagem, o órgão informou que o afastamento de Barbosa foi determinado pelo ministro Mauro Campbell Marques, a pedido do Ministério Público.

(terra)



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