PT articula PEC para cumprir promessas de Lula, mas encontra resistências



 

PT articula uma Proposta de Emenda à Constituição no Congresso Nacional para começar 2023 cumprindo promessas de campanha do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O texto é considerado necessário para viabilizar, por exemplo, o Auxílio Brasil de R$ 600 com despesas fora do teto de gastos. No entanto, nos bastidores, há resistências ao modelo.

Ao longo desta quinta-feira (3), circulou pelo Parlamento a alternativa de que o Auxílio Brasil de R$ 600 para 2023 poderia ter os recursos garantidos por meio da abertura de um crédito extraordinário, com anuência do Tribunal de Contas da União (TCU). Os petistas e aliados de Lula já conversam com o TCU sobre a transição, mas ainda não há um acordo sobre esse tema específico.

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No TCU, há quem veja esse caminho como viável, bastaria justificar bem os requisitos da Constituição.

No caso do crédito extraordinário, a tendência é que ele abrangeria somente o Auxílio Brasil, sem torná-lo permanente, e a PEC viria depois, no ano que vem. Na avaliação de alguns senadores, esse é tido como um caminho mais palpável para que as outras ações pretendidas por Lula possam ser discutidas com mais calma e profundidade no ano que vem, apurou a reportagem.

Há bancadas no Senado que estão divididas e que devem se reunir ainda para decidir como se posicionar. O relator-geral do Orçamento de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI), poderá ser determinante nessas negociações.

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Senador eleito próximo de Castro, o ex-governador do Piauí Wellington Dias (PT) declarou nesta quinta que, “do ponto de vista da transição, trabalhamos com o projeto de emenda constitucional”.

“A PEC é um caminho seguro já experimentado, legal, e é com ela que vamos trabalhar”, acrescentou.

A PEC é defendida pelo PT para que o partido já deixe sua marca do auxílio permanente e mostre a força de Lula no Congresso antes mesmo da mudança de governo.

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Os termos da PEC estão sendo negociados e redigidos. A expectativa é que haja uma minuta mais definitiva até terça-feira (8).

A ideia da PEC é definir o tamanho da licença para o governo federal gastar em 2023. O acordo discutido em reunião entre o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), e Marcelo Castro foi para estabelecer o quão grande poderá ser essa licença na proposta.

A tendência é que a PEC não traga valores, mas apenas os nomes dos programas sociais contemplados pela proposta.

Os valores de 2023, por exemplo, seriam definidos no Orçamento para o ano que vem que precisa ser aprovado ainda em 2022 no Congresso – a possibilidade de o Parlamento não votar o Orçamento de 2023 até dezembro existe, mas a administração pública ficaria mais travada e ninguém trabalha com essa hipótese, por enquanto.

Os valores necessários para programas sociais nos demais anos seriam previstos nos respectivos orçamentos ao longo do tempo, como costuma ser feito.

A atual proposta de Orçamento para o ano que vem não prevê recursos para diversos programas e ações pretendidos pelo PT, como a correção da tabela do imposto de renda de pessoas físicas, reajuste acima da inflação do salário-mínimo e mais investimentos em infraestrutura.

Um fator que joga contra é o prazo curto para a aprovação da PEC, sendo que o texto precisa de quórum qualificado de 3/5 em dois turnos nas duas Casas para ser referendado.

Visando diminuir as resistências, o PT pretende que a PEC seja apresentada pelo conjunto de líderes de partidos no Senado que formaram a coligação do Lula e, se possível, União Brasil e PSD, ao menos.

Os petistas também acreditam que o relator não pode ser do PT. A ideia é que seja escolhido um senador membro de partido com grande bancada na Casa, experiência e capacidade de articulação. Dessa forma, indiretamente, querem aproveitar a situação para já tentar ampliar a base do Lula no Senado.

Embora o PT bata na tecla da PEC, nem mesmo dentro da equipe de transição há unanimidade quanto à iniciativa. Em conversas com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), percebeu-se que o futuro governo, logo na primeira semana de janeiro, poderia editar uma Medida Provisória para abrir o crédito extraordinário. Há quem vá além e considere que a eventual suplementação não abranja apenas o Auxílio Brasil, mas também todas as outras vontades de Lula.

A avaliação de um integrante da equipe de transição de Lula é que um “governo novo não pode dialogar com um Congresso velho” e ser preciso ir por etapas, “uma coisa por vez”.

(CNN)



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