
União Brasil e Partido Progressista (PP) acusaram o governo Lula de levar o país a um "desequilíbrio fiscal sem saída" e prometeram barrar aumento de impostos. Mesmo com ministérios no governo, os partidos reforçaram a oposição, enquanto aliados temem que a crise política paralise votações no Congresso.
Um mês e meio após o lançamento da federação entre União Brasil e PP com discurso de oposição, os partidos convocaram uma entrevista coletiva para criticar duramente o governo Lula. Segundo os líderes das siglas, o país estaria em uma "rota sem saída" de desequilíbrio fiscal, agravada por propostas de aumento de impostos. A coletiva contou com a presença dos presidentes dos partidos e diversos parlamentares, mesmo com membros das siglas ainda ocupando ministérios no governo.
Durante o ato, os líderes da federação — que ainda está em processo de formalização e se chama União Progressista — anunciaram que suas bancadas vão se posicionar contra a proposta do governo de compensar a redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) com aumento de tributos. O presidente do União Brasil, Antonio Rueda, criticou a política fiscal do governo, afirmando que "taxar, taxar, taxar" não é a solução. A federação reúne 109 deputados e 14 senadores, o que representa uma força significativa no Congresso.
Segundo a Folha de S.Paulo, apesar do discurso oposicionista, o Congresso, dominado pelo centrão, tem travado projetos do próprio governo que visam cortar gastos, como o que combate supersalários e o que endurece aposentadorias militares. Além disso, o Legislativo tem elevado os gastos com emendas parlamentares, que passaram de menos de R$ 20 bilhões para mais de R$ 50 bilhões anuais, uma contradição entre o discurso fiscalista e a prática legislativa.
Em resposta, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, defendeu o governo e acusou os críticos de protegerem os super-ricos em detrimento da população mais pobre. Internamente, aliados do governo apontam que Lula estaria alheio à insatisfação crescente no Congresso, envolvido em viagens internacionais e distante das articulações políticas necessárias para manter a base unida.