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NÃO É BOA, A VELHA IDEIA - Governador de Santa Catarina fala em fazer o 'país do Sul': de onde vem o separatismo sulista?

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"Daqui a pouco, se o negócio não funcionar muito bem lá para cima, nós passamos uma trena para o lado de cá e fazemos 'o Sul é nosso país', né?"

Foi assim, em tom de brincadeira, que o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), sugeriu aos governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), que separassem seus Estados do restante do Brasil.

Eles dividiram o palco na última quinta-feira (12/6) em um evento em Curitiba realizado por uma entidade da construção civil.

Mello fez referência ao movimento O Sul é Meu País, que há mais de 30 anos defende a separação da região e a formação de uma nação autônoma. A reportagem entrou em contato com a assessoria do governador questionando se ele gostaria de se manifestar sobre o episódio, mas não houve retorno.

"A fala do Jorginho Mello não leva em consideração, por exemplo, que uma catástrofe ambiental no Rio Grande do Sul como a do ano passado precisou obrigatoriamente do apoio do governo federal", ele destaca.

"Se é pra falar de política social, porque se tem a ideia de que o Nordeste é quem usa e o Sul não — o que é uma falácia —, então ser sulista vem primeiro. Agora, se é uma catástrofe ambiental da qual o Sul não consegue se recuperar, aí somos todos brasileiros e façamos solidariedade", completa Aver.

Em entrevista à BBC News Brasil, o pesquisador explica as origens do separatismo sulista, suas principais características e suas contradições. Confira, a seguir, em cinco pontos:

Jorginho Mello em evento em Curitiba

Crédito,Valterci Santos/CBIC

Legenda da foto,Jorginho Mello em evento com Leite e Ratinho Júnior: comentário foi feito quando governador de SC se dirigia aos colegas como pré-candidatos à eleição de 2026

As origens

Iniciativas que buscam apartar o Sul do restante do Brasil remontam aos tempos do Império e da Primeira República, períodos em que diversas províncias do país entraram em choque com o governo central.

No caso do Sul, Aver cita a Revolução Farroupilha, no Rio Grande do Sul do século 19, e a Guerra do Contestado, em Santa Catarina e no Paraná, no início do século 20.

Mas houve também a Cabanagem, na então província do Grão Pará, e a Guerra de Canudos, no sertão da Bahia, ambas no século 19, entre outras.

"O Brasil é unificado em cima de uma série de violências", comenta o sociólogo, referindo-se à repressão aos diversos movimentos que se opunham à centralização do poder no Rio de Janeiro, então capital naquela época.

"Um pouco [do separatismo] vem dessa lógica de como o federalismo brasileiro é construído", ele acrescenta, emendando que o separatismo que se expressa no século 21 com movimentos como O Sul é Meu País é diferente.

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