
Redação, Porto Velho (RO), 11 de novembro de 2025 - A trajetória das contas públicas brasileiras mostra sinais de alerta: segundo a Tesouro Nacional, a relação entre a dívida pública consolidada (União, estados, municípios e estatais) e o Produto Interno Bruto (PIB) deverá ultrapassar 80 % até o final de 2026, alcançando cerca de 82,5 % do PIB.
Esse avanço representa um acréscimo de aproximadamente 10,8 pontos porcentuais em relação a dezembro de 2022, quando o indicador era de 71,7 % do PIB.
Quais os fatores que impulsionam essa alta
Entre os principais vetores estão:
- Aumento dos gastos públicos obrigatórios, como reajustes reais de salários mínimos, pagamentos de precatórios e recomposições de pisos para saúde e educação.
- Juros elevados e crescimento econômico moderado, o que torna mais onerosa a manutenção da dívida.
- Menor margem de manobra para investimento público e para ajustes discricionários, em razão do peso crescente das despesas obrigatórias.
As implicações para a economia
A subida da dívida pública tem impactos diretos no ambiente macroeconômico:
- Pressiona as taxas de juros, já que o risco para o credor sobe à medida que o endividamento cresce.
- Limita os investimentos públicos em infraestrutura, saneamento e habitação, áreas que demandam capital elevado.
- Pode restringir o crescimento econômico no médio prazo, segundo estudos que apontam que em países emergentes a relação dívida/PIB acima de certos patamares reduz o ritmo de expansão da economia.
Cenário e resposta fiscal
Frente a esse cenário, o governo federal adotou o chamado Novo Arcabouço Fiscal, que fixa regras para o crescimento das despesas públicas (máximo de 2,5 % ao ano em termos reais, e limite de 70 % do crescimento da receita para as despesas) como forma de conter a escalada do endividamento.
Apesar disso, os analistas advertem que sem uma combinação de cortes estruturais, melhores condições de crescimento e despesas mais controladas, a reversão da trajetória da dívida será difícil.
Conclusão
O aumento projetado da relação dívida/PIB para algo acima de 80 % até 2026 coloca o Brasil em uma faixa de risco mais elevado para países emergentes. A boa notícia é que o tema está no radar dos formuladores — a má notícia é que o ambiente de juros altos e crescimento econômico modesto dificulta o ajuste. O equilíbrio entre manter o gasto público e gerar condições de crescimento sustentável será o grande desafio dos próximos anos.
Fonte: noticiastudoaqui.com