
Surgidas dentro de presídios, facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) passaram a dominar áreas urbanas e cada vez mais se expandem também para dentro das porteiras do agronegócio.
Utilizado inicialmente para lavagem de dinheiro e como rota para o contrabando de cigarros e bebidas e o tráfico de armas e drogas, o campo passou a se tornar também fonte de lucro para o crime organizado.
Investigações recentes de diferentes órgãos policiais têm revelado a atuação de membros das organizações criminosas na compra irregular de fazendas, na produção de etanol – incluindo o controle de canaviais e usinas sucroalcooleiras –, e no contrabando, roubo, furto e falsificação de insumos agrícolas.
Os esquemas incluem fraudes fiscais, sonegação de impostos, uso de laranjas e as ameaças e violência que caracterizam os grupos.
PCC atua no mercado ilegal de agrotóxicos
No mês passado, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Franca (SP) identificou laços do PCC com o mercado ilegal de agrotóxicos, com a distribuição de produtos irregulares para todo o território nacional e até para o exterior.
A relação da facção com o setor veio à tona a partir da Operação Castelo de Areia, que apurava diferentes crimes cometidos por integrantes da organização criminosa. Mensagens interceptadas entre membros do PCC apontaram a participação de um deles em atividades ligadas à falsificação dos agroquímicos.
As investigações revelaram uma estrutura criminosa complexa, composta por ao menos nove núcleos autônomos, que atuam na fabricação de embalagens falsas, emissão de notas fiscais frias, logística e comercialização digital dos produtos.
Análises químicas mostram que as fórmulas, em muitos casos, são uma mistura irregular de água, solventes, corantes e pequenas quantidades de princípios ativos, o que compromete a produtividade agrícola e aumenta o risco ambiental e à saúde dos trabalhadores.