
Um levantamento recente, realizado pelas organizações da sociedade civil Movimento Pessoas à Frente e República.org, concluiu que o Brasil ocupa o primeiro lugar num ranking que compara a remuneração de servidores públicos em 11 países, e que no período de agosto de 2024 a julho de 2025 os chamados “supersalários” custaram ao país cerca de R$ 20 bilhões.
Segundo o estudo, existem aproximadamente 53,5 mil servidores — ativos e inativos — que recebem remunerações acima do teto constitucional fixado em R$ 46.366,19 mensais. Essa elite do funcionalismo representa apenas 1,34% do universo analisado, mas concentra impacto financeiro expressivo para os cofres públicos.
Quem são os mais beneficiados
Grande parte desse gasto extra recai sobre carreiras do Judiciário, do Ministério Público e da advocacia pública. Estima-se que:
- Cerca de 21 mil magistrados recebem acima do teto — juntos, eles respondem por aproximadamente R$ 11,5 bilhões desse montante.
- integrantes do Ministério Público ultrapassam o teto com cerca de 10 mil pessoas, totalizando adições da ordem de R$ 3,2 bilhões.
- no Executivo federal — sobretudo em carreiras jurídicas como da Advocacia-Geral da União — há cerca de 12,2 mil servidores nessa condição, com gasto extra estimado em R$ 4,33 bilhões.
O levantamento aponta ainda que muitos desses valores excedentes vêm de verbas consideradas “indenizatórias” — como férias não gozadas, acúmulo de funções, adicionais e retroativos — que, por estarem fora da base de cálculo do teto constitucional e, muitas vezes, isentas de impostos, resultam em altos ganhos líquidos para os beneficiados.
Servidores 'privilegiados' protestando contra os 'penduricalhos' dos outros
Comparativo internacional e o impacto no Estado
Na comparação com os outros 10 países analisados — entre eles Argentina, Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e França — o Brasil destoa: o segundo colocado (Argentina) tem cerca de 27 mil servidores acima do teto local, com um custo muito menor; os Estados Unidos registram pouco mais de 4 mil casos; e em países como a Alemanha não há registro de remunerações acima do teto previsto.
Especialistas ouvidos pelas organizações que realizaram o estudo alertam que esses “supersalários” comprometem a sustentabilidade do orçamento público e dificultam a alocação de recursos para áreas essenciais — como saúde, educação e infraestrutura — especialmente num contexto de restrição fiscal.
Críticas e pressão por reforma
Para a diretoria do Movimento Pessoas à Frente, o resultado do levantamento demonstra uma clara "anomalia" no funcionalismo brasileiro, historicamente distante dos padrões de países considerados desenvolvidos, e reforça a necessidade urgente de uma reforma que regulamente os pagamentos extras e reverta os “penduricalhos” que permitem ultrapassar o teto constitucional.
Para muitos críticos, o fato de uma pequena parte do funcionalismo concentrar tanta demanda de recursos gera desigualdade e fragiliza a imagem do Estado. Há pressão da sociedade — que, de acordo com pesquisas recentes, demonstra ampla reprovação aos supersalários — para que medidas sejam adotadas com rigor.
Fonte: noticiastudoaqui.com