
Uma nova pesquisa de opinião realizada pelo Instituto Datafolha confirma o predomínio de posições políticas mais à direita entre a população brasileira, reforçando um panorama ideológico que tem repercussões diretas para o quadro eleitoral de 2026 e para o debate público no país.
Segundo o levantamento, 35% dos brasileiros se identificam como pertencentes à direita, contra 22% que se situam na esquerda do espectro político tradicional. Quando se soma o grupo de centro-direita (11%), a identificação com as forças de direita chega a 46%, enquanto somando esquerda e centro-esquerda (7%), a parcela de cidadãos identificados com a esquerda totaliza 29%. Outro 17% se posicionam no centro, e 8% não souberam responder à pergunta sobre orientação ideológica.
A pesquisa, divulgada em meados de dezembro de 2025, ouviu 2.002 brasileiros com 16 anos ou mais em 113 municípios, entre os dias 2 e 4 de dezembro, com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Os entrevistados foram convidados a se colocar em uma escala que vai de 1 (mais à esquerda) a 7 (mais à direita), metodologia que permite mapear a autodeclaração ideológica em diferentes níveis de gradação.
A diferença entre os posicionamentos ideológicos reflete uma tendência de maior afinidade dos eleitores com valores e pautas tradicionalmente associados ao campo conservador, ainda que o centro político continue presente de forma expressiva. Essa distribuição também sugere que, mesmo entre os que não se colocam claramente nos extremos, existe uma inclinação maior em direção a pautas de direita ou centro-direita.
Identidade política
O levantamento também explorou recortes mais detalhados, cruzando a identificação ideológica com afinidades partidárias e eleitorais. Embora a direita seja mais numerosa entre os autodeclarados, a pesquisa revela nuances importantes: uma parcela significativa daqueles que se identificam como petistas — tradicionalmente associados à esquerda — também se declara de direita ou de centro-direita. Por outro lado, entre os que dizem ser bolsonaristas, ainda que a maioria se identifique à direita, uma pequena fração se coloca no espectro de esquerda ou centro-esquerda.
Esses cruzamentos indicam que a filiação a movimentos e partidos pode transcender rótulos ideológicos rígidos, sinalizando um eleitorado mais complexo e menos previsível.
Os dados mostram ainda que a polarização permanece um traço marcante do cenário político brasileiro: 57% dos entrevistados se identificaram com um dos dois pólos do espectro — esquerda ou direita — reforçando a centralidade de uma disputa ideológica que se espraia para além das preferências partidárias tradicionais.
Impulsos demográficos
Embora os resultados consolidam uma predominância da direita no conjunto da população, o estudo aponta variações conforme faixa etária, escolaridade e regiões do país (dados detalhados por grupos demográficos não foram totalmente divulgados na matéria base, mas normalmente presentes em levantamentos do Datafolha). De modo geral, grupos mais jovens tendem a ter maior proporção de identificação com o centro ou posições moderadas, enquanto estratos de maior idade frequentemente se inclinariam mais fortemente para a direita — algo que tende a influenciar estratégias de campanha e comunicação dos atores políticos.
Repercussões e interpretações
Especialistas ouvidos em análises sobre o levantamento interpretam que o predomínio numérico da identificação com a direita pode impactar a condução de campanhas eleitorais e pautas legislativas nos próximos anos, sobretudo numa conjuntura em que o Brasil se prepara para as eleições gerais de 2026. A composição ideológica predominante pode favorecer candidaturas e propostas que enfatizam temas como segurança pública, economia de mercado e valores tradicionais — aspectos com ressonância em parcelas expressivas do eleitorado identificado nesse campo.
Ainda assim, a significativa percentagem de eleitores se posicionando no centro ou não respondendo sugere que há margem de volatilidade e espaço para disputas por eleitores indecisos ou moderados, uma dinâmica que partidos e líderes políticos tendem a monitorar de perto à medida que a corrida eleitoral se intensifica.
Fonte: noticiastudoaqui.com