Se não houver alguma decisão judicial de última hora, nesta quinta-feira acontecerá um dos mais polêmicos leilões para privatização de uma rodovia federal do país. O trecho entre Vilhena e Porto Velho, incluindo alguns quilômetros em direção ao Acre, entre 700 e 750 quilômetros da BR 364, poderá, caso o leilão desta quinta se realize mesmo, ser entregue a uma empresa/um consórcio que não terá concorrência e que, a partir daí, terá direitos sobre este trecho durante 30 anos. At condições são extremamente favoráveis para quem vencer e pelo menos preocupantes para o usuário. Por que? Ora, porque não prevê a duplicação de toda a extensão que será leiloada. Apenas entre 110 e 133 quilômetros serão duplicados. Nos demais, serão feitas pequenas obras, pistas laterais e um ou outro investimento mais importante. Outra: as obras deverão começar a partir do terceiro ano da validade do contrato, ou seja, em 2028, mas o usuário começará a pagar os sete pedágios entre a Capital e Vilhena de imediato. No resumo da ópera, a vencedora do leilão vai faturar algo em torno de 1 bilhão de reais por ano, mas só precisará iniciar as obras de melhorias, incluindo a duplicação, quando tiver colocado 3 bilhões em seus cofres.
Na bancada federal rondoniense, o senador Jaime Bagattoli não quer saber da privatização do jeito que está planejada. Tomou duas decisões objetivas: pediu que o Tribunal de Contas da União analise todos os detalhes do contrato e quer que o ministro Renan Calheiros seja convocado ao Senado para explicar os detalhes do contrato. “Fui fortemente contrário à privatização da BR-364 desde o início e por vários motivos. Trata-se da única rodovia que liga os estados de Rondônia, Acre e Amazonas ao resto do país, além de ser a principal via de escoamento da produção do noroeste do Mato Grosso e do interior de Rondônia. Sem falar dos custos que serão pagos pela população e também pelo setor produtivo durante o escoamento das safras, já que está prevista a implantação de vários pedágios, ao longo dos mais de 700 quilômetros da rodovia. Não podemos privatizar as coisas de qualquer jeito, sem pensar no impacto que isso terá no dia a dia da população”. O deputado Thiago Flores também apresentou vários questionamentos, pedindo informações sobre o projeto. E quer saber porque não houve participação das autoridades, lideranças e população do Estado, na discussão da proposta.
FONTE OPINIÃO DE PRIMEIRA