Sem Marcos Rocha na corrida pelo Senado, Rondônia ganha novos protagonistas na disputa política




A sucessão política em Rondônia começa a ganhar contornos mais definidos e, ao mesmo tempo, mais complexos. Se na disputa pelo Governo do Estado o número de nomes com chances reais ainda é restrito, a corrida pelas duas vagas ao Senado Federal promete ser uma das mais acirradas dos últimos anos, especialmente diante da sinalização do governador Marcos Rocha de que permanecerá no cargo até o fim do mandato. A decisão, embora ainda vista com cautela por aliados e adversários — já que o prazo final para eventual desincompatibilização se aproxima — muda significativamente o tabuleiro político estadual.

Com Marcos Rocha fora do jogo, ao menos por ora, abre-se espaço para uma disputa pulverizada, com nomes fortes de diferentes espectros ideológicos. Entre os pré-cotados aparecem a deputada federal Sílvia Cristina, o também deputado Fernando Máximo, o ex-senador Acir Gurgacz e o atual senador Confúcio Moura, que busca a reeleição. A esses se somam novos atores que vêm ganhando projeção, como o empresário do agronegócio Bruno Scheid, bolsonarista declarado e nome incentivado pelo próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, além do deputado estadual Delegado Rodrigo Camargo, que já começa a figurar em levantamentos de intenção de voto.

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Cenário fragmentado e alianças improváveis

A ausência de Marcos Rocha altera não apenas a lista de candidatos, mas também a lógica das alianças. Nos bastidores, a avaliação predominante é que o atual governador teria dificuldades para declarar apoio a grande parte dos postulantes, seja por divergências políticas ou por projetos eleitorais incompatíveis. Uma eventual aproximação com Sílvia Cristina é considerada possível, ainda que distante. Com os demais nomes, ao menos no cenário atual, as chances de composição são vistas como mínimas.

Nesse contexto, Confúcio Moura surge como um caso particular. Seu projeto de reeleição passa, necessariamente, pela capacidade de concentrar os votos do campo progressista e da esquerda, que em Rondônia representa cerca de 30% do eleitorado. Sem essa união, a permanência no Senado torna-se um desafio ainda maior em um estado de perfil majoritariamente conservador.

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Fátima Cleide volta ao centro do jogo político

É justamente nesse ponto que entra um movimento considerado estratégico pelo Partido dos Trabalhadores. A legenda decidiu trazer de volta ao cenário eleitoral um de seus nomes mais expressivos: a ex-senadora Fátima Cleide. Longe das urnas há alguns anos, mas ainda com forte capital político, ela deve disputar uma vaga na Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE), retomando a carreira pelo parlamento estadual.

A aposta petista é clara. Fátima não apenas tem chances concretas de conquistar uma das 24 cadeiras da ALE, como também pode reorganizar e fortalecer a presença da esquerda no estado, inclusive formando, após longo período, uma dobradinha petista no Legislativo estadual com a deputada Cláudia de Jesus, de Ji-Paraná, que busca a reeleição.

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Na última eleição, Fátima Cleide ficou fora da Câmara Federal por uma combinação de fatores partidários, apesar de ter sido uma das mais votadas. Dentro do campo progressista, fora Confúcio Moura, ela é vista como a liderança com maior capacidade de agregar votos e unificar diferentes correntes ideológicas. Amiga pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chegou a ser cogitada para disputar cargos majoritários, inclusive o Governo do Estado, mas optou por uma estratégia considerada mais viável no atual contexto político.

Disputa aberta e imprevisível

O PT deve lançar chapas completas tanto para a Assembleia Legislativa quanto para a Câmara dos Deputados, mas, internamente, o consenso é de que nenhum outro nome da legenda se aproxima do potencial eleitoral de Fátima Cleide. Eleita senadora em 2002 com a maior votação da história de Rondônia até então, ela ainda simboliza a principal referência eleitoral da esquerda no estado.

Com a direita fragmentada, novos nomes emergindo e a esquerda tentando se reorganizar, a disputa pelo Senado em Rondônia caminha para ser uma das mais imprevisíveis e estratégicas dos próximos anos. Sem Marcos Rocha na corrida, o cenário se redesenha completamente — e a definição das alianças, mais do que nunca, será decisiva para determinar quem ocupará as duas cobiçadas cadeiras em Brasília.


Fonte: noticiastudoaqui.com



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