A mina é uma engrenagem essencial na economia, com uma produção anual de cerca de 112 milhões de toneladas de minério de ferro.
Localizada no coração da Floresta Amazônica, no sudoeste do estado do Pará, a Mina de Carajás é considerada a maior mina de minério de ferro a céu aberto do mundo. Operada pela mineradora Vale S/A, a unidade é uma engrenagem essencial na economia nacional e internacional, com uma produção anual de cerca de 112 milhões de toneladas de minério de ferro de alta qualidade.

A origem da Mina de Carajás remonta a 1967, quando um pouso de emergência em uma clareira na mata levou o geólogo recém-formado Breno dos Santos a identificar um terreno inóspito e de vegetação rala. A suspeita de uma ‘canga’, formação típica onde há grandes concentrações de ferro próximo à superfície, foi confirmada por amostras coletadas no local.


Essa descoberta acidental revelou não apenas a presença de um gigantesco depósito de minério de ferro, mas também um potencial mineralógico muito mais amplo. O chamado Projeto Grande Carajás abrange jazidas de manganês, cobre, níquel, ouro, bauxita, zinco, prata, cromo, estanho, tungstênio e até urânio. Curiosamente, apenas cerca de 3% da área total é explorada atualmente.
Soluções
A localização remota da mina exigiu soluções logísticas igualmente monumentais. Para escoar o minério até os mercados internacionais, foi construída a Estrada de Ferro Carajás, com cerca de 890 quilômetros de extensão, ligando o complexo mineral ao Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, em São Luís (MA). Inaugurada em 1985, a ferrovia tornou-se uma das mais eficientes do país, graças aos constantes investimentos em tecnologia e infraestrutura, possibilitando o transporte em grande escala de forma contínua e segura.

Com a exploração mineral em uma região sensível como a Amazônia, a Vale investiu em iniciativas ambientais como o Parque Zoobotânico Vale, também criado em 1985. Localizado na Floresta Nacional de Carajás, o parque ocupa 30 hectares e abriga cerca de 360 animais de mais de 70 espécies da fauna amazônica, muitas delas ameaçadas de extinção, como o gavião-real, ararajuba, onça-pintada e macaco-aranha-da-testa-branca. A área funciona como um centro de preservação genética, educação ambiental e pesquisa científica, contribuindo para o mapeamento da biodiversidade local.
O tempo como desafio
Quando entrou em operação, nos anos 1980, se estimava que as reservas da Mina de Carajás durariam cerca de 400 anos, considerando uma produção anual de 25 milhões de toneladas. No entanto, o ritmo acelerado de extração fez com que esse prazo fosse drasticamente reduzido. Com a produção atual girando em torno de 112 milhões de toneladas por ano, mais de quatro vezes o volume inicial previsto, a previsão mais recente indica que as reservas poderão se esgotar por volta de 2060.
No entanto, por trás da grandiosidade econômica, também existem questões ambientais, históricas e de sustentabilidade que moldam o presente e o futuro do projeto.
(portalamazonia)