O Brasil vem consolidando sua presença no mercado global, com 403 novos mercados abertos para seus produtos entre 2023 e agosto de 2025, conforme dados do Ministério da Agricultura.
Expansão ferroviária estratégica
Para sustentar esse crescimento, o país planeja expandir sua infraestrutura logística na Amazônia, com 13 corredores ferroviários autorizados, além de rotas em estudo ou em concessão — todos voltados para o escoamento de commodities como soja, milho e minérios rumo aos portos do Arco Norte, Sudeste e, especialmente, para o Oceano Pacífico.
Dentre as obras mais emblemáticas está a Ferrovia Bioceânica, que ligará o porto de Ilhéus (BA) ao porto de Chancay (Peru), passando por Rondônia. O projeto visa reduzir os custos logísticos em até 30% e elevar a competitividade brasileira no mercado asiático.
Outros projetos relevantes na região incluem:
- Corredor Leste-Oeste (Fico/Fiol) — Integra a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico) à Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), conectando Goiás ao Porto de Ilhéus. Conta com R$ 2,73 bilhões da Vale e previsão de entrega em 2028.
- Ferrogrão (Sinop–Miritituba) — Com 933 km, une o Mato Grosso ao Arco Norte. Pode reduzir em até 3,4 milhões de toneladas as emissões de CO₂ ao ano, mas enfrenta impasses judiciais devido a impactos no Parque Nacional do Jamanxim.
- Extensão Norte-Sul (Açailândia–Barcarena) — Amplia a conexão entre o Pará e São Paulo, melhorando o acesso a portos do Norte.
- Transnordestina — Já em execução no Nordeste, a ferrovia liga o Piauí aos portos de Suape (PE) e Pecém (CE), com R$ 3,6 bilhões investidos em 2024.
Potencial econômico e geopolítico
A expansão ferroviária reforça o papel do Brasil como líder em segurança alimentar. Em 2024, 150 milhões de toneladas foram transportadas por ferrovias, segundo a ANTF.
A Ferrovia Bioceânica, em especial, pode transformar Rondônia em um importante polo exportador, beneficiando produtos como o tambaqui e o couro — já exportados ao Peru — e facilitando o acesso à China, que importou US$ 7,9 bilhões em produtos brasileiros em 2024. O projeto ainda faz parte da Iniciativa Nova Rota da Seda, da China, e pode reduzir o tempo de transporte rumo à Ásia de 40 para 28 dias.
Desafios socioambientais
Apesar do apelo logístico, a expansão da malha ferroviária na Amazônia suscita fortes críticas de ambientalistas. Estudos alertam para impactos diretos e indiretos em áreas sensíveis como o Parque Nacional do Jamanxim, além de ameaças a terras indígenas e unidades de conservação.
O IEMA (Instituto de Estudos Socioeconômicos e Ambientais) recomenda que os projetos considerem os efeitos cumulativos dessas obras, em especial nas regiões mais frágeis da floresta amazônica.
O futuro em debate
O sucesso da expansão ferroviária depende de um equilíbrio delicado entre desenvolvimento econômico e conservação ambiental. Enquanto o país busca atender à crescente demanda logística de exportações, é imprescindível garantir transparência, diálogo com comunidades tradicionais e políticas que preservem a floresta em pé — e seus povos.
Fonte: noticiastudoaqui.com