
A Polícia Federal concluiu oficialmente, no dia 24 de setembro de 2025, a Operação Boiúna, deflagrada no dia 10, com foco no combate à mineração ilegal de ouro no Rio Madeira e seus afluentes, entre os municípios de Humaitá e Manicoré (AM) e pontos sob influência regional em Rondônia.
O resultado final do esforço conjunto revela números expressivos: 277 dragas utilizadas por garimpos ilegais foram destruídas ou inutilizadas, em ação coordenada pelo Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI/Amazônia), com apoio da Força Nacional, Polícia Rodoviária Federal, Ministério do Trabalho, Ministério Público do Trabalho e CENSIPAM.
Dimensão econômica e ambiental do impacto
Embora o prejuízo patrimonial direto — apenas com os equipamentos destruídos — tenha sido estimado em R$ 38 milhões, o cálculo global dos danos atribuídos à Operação Boiúna é bem mais amplo. Ele inclui:
- valor estimado do ouro extraído ilegalmente nos últimos sete meses;
- danos socioambientais acumulados;
- lucros cessantes, pela paralisação das atividades criminosas.
Em algumas publicações, há menção a impacto estimado em R$ 1,08 bilhão ao garimpo — cifra que considera todos esses elementos de prejuízo agregado.
É importante destacar que o montante bilionário não reflete apenas destruição física, mas também o desfazimento de fluxos econômicos ilícitos que sustentavam o esquema de mineração ilegal na região.
Estratégias de ação e contrapartidas sociais
Além das ações repressivas, a operação incorporou medidas voltadas a aferir os efeitos sobre comunidades ribeirinhas e o meio ambiente:
- Em 18 de setembro, agentes da PF visitaram a comunidade de Democracia, no município de Manicoré, coletando amostras de água, cabelo e outros materiais biológicos para verificar contaminação por mercúrio e impactos à saúde humana.
- Em paralelo, foram realizadas ações sociais e ambientais nas áreas afetadas, como parte do esforço de mitigação e monitoramento.
Tal abordagem configura um padrão de atuação que vai além da repressão pura — busca diagnosticar os reflexos da atividade criminosa nas pessoas e ecossistemas atingidos.
Distribuição geográfica da ação e repercussão local
No início da operação, já haviam sido registradas 98 dragas destruídas no Amazonas, sendo 71 no primeiro dia e 27 no segundo. Quando consideradas também as intervenções em Rondônia, os relatos divulgavam um total de 177 dragas inutilizadas nos primeiros dois dias.
Entretanto, o relatório final não traz uma divisão precisa entre Amazonas e Rondônia sobre quantas dragas foram destruídas em cada estado.
Importante: a operação repercutiu de modo polêmico em algumas localidades.
Em Humaitá, por exemplo, houve protestos de moradores das áreas ribeirinhas contra a destruição de dragas, com registro de confrontos entre civis e forças policiais e interrupção temporária de serviços públicos.
Avaliação crítica e desafios futuros
A Operação Boiúna reafirma a determinação das autoridades em enfrentar o garimpo ilegal, mas também evidencia os desafios persistentes:
- Sustentabilidade das ações: destruir equipamentos é uma medida pontual. Garantir que os garimpeiros não retornem com novas dragas exige presença institucional contínua — vigilância, inteligência e fiscalização permanente.
- Proteção das comunidades locais: regiões ribeirinhas estão vulneráveis a impactos químicos (mercúrio), alterações ambientais e conflitos sociais. A coleta de amostras é um passo necessário, mas os resultados definitivos dos exames devem servir de base para políticas de reparação.
- Integração entre esferas e órgãos: a operação envolveu vários órgãos federais. Manter esse modelo de cooperação entre PF, MP, órgãos ambientais e estaduais é essencial para que ações repressivas não fiquem isoladas.
- Transparência e responsabilização: além da destruição de bens, é preciso identificar e punir líderes e financiadores desses esquemas. A divulgação de dados concretos sobre responsabilizações penais e administrativas será um dos testes do impacto real da Operação Boiúna.
Fonte: noticiastudoaqui.com