Porto Velho, RO — Após quase dois meses de cheia histórica, o rio Madeira começa a baixar lentamente, mas o cenário nas comunidades ribeirinhas de Porto Velho ainda é de devastação e dor. Cerca de 11 mil pessoas de 30 comunidades foram diretamente afetadas pela elevação anormal das águas, que invadiram casas, destruíram plantações, deixaram famílias sem água potável e causaram prejuízos imensuráveis a pequenos produtores.
A fase atual é de reconstrução — e também de superação. Famílias que viveram semanas em abrigos, barcos ou casas de parentes agora retornam ao que restou de seus lares. A lama ainda cobre móveis, paredes e utensílios domésticos, enquanto plantações inteiras foram dizimadas.
“A vontade foi de mais de chorar. Quando eu vi o desespero, não foi fácil não, perdemos tudo. Todo o meu sustento sai daqui [plantação], daqui que eu pago as minhas contas”, relata o agricultor Acrivaldo Olímpio, produtor de milho, melancia e banana. Segundo ele, a propriedade ficou submersa por cerca de 60 dias. “Para recomeçar tudo de novo, acredito que vou precisar de uns seis mil reais”.
Além de Acrivaldo, centenas de outros agricultores familiares relatam prejuízos semelhantes. A cheia do rio Madeira superou a média histórica para o período, alagando lavouras, matando animais e interrompendo acessos terrestres. O fornecimento de água potável também foi comprometido em diversas localidades.
Autoridades municipais e estaduais têm mobilizado esforços para fornecer assistência humanitária, incluindo cestas básicas, kits de higiene, água potável e materiais de limpeza. Entretanto, os ribeirinhos dizem que a ajuda ainda é insuficiente diante da magnitude do problema.
Com o nível do rio finalmente recuando, cresce a preocupação com a segurança alimentar e com a capacidade das famílias de retomar suas atividades produtivas a tempo da próxima safra. Muitos dependem exclusivamente da agricultura de subsistência e enfrentam dificuldades para acessar linhas de crédito emergenciais.
Organizações sociais e entidades do campo têm cobrado ações mais efetivas do poder público, como o envio de maquinário para recuperação de estradas vicinais e a criação de um fundo emergencial de apoio à agricultura familiar.
A cheia do Madeira é um fenômeno recorrente, mas eventos tão prolongados e intensos têm se tornado mais frequentes, o que acende um alerta sobre os efeitos das mudanças climáticas na Amazônia e a necessidade de políticas preventivas e estruturais para proteger populações vulneráveis.
Enquanto isso, nas margens do rio, o que se vê é a força de um povo que, mesmo diante de perdas imensas, tenta reerguer o que a cheia levou.
“A água foi embora, mas o prejuízo ficou. A gente precisa de apoio para continuar vivendo aqui, porque a nossa vida está no rio”, finaliza Acrivaldo, com esperança e resiliência.
Fonte: noticiastudoaqui.com
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