É o feriado mais importante do verão em boa parte da Europa. Tudo para na Itália, na Espanha, em algumas regiões da Alemanha e da Suíça, na Áustria, em Portugal, na Eslovênia, na França, na Bélgica e na Romênia, por exemplo.
Trata-se da Festa da Assunção de Maria, o dia em que, segundo a tradição católica, Nossa Senhora, a mãe de Jesus, teria subido aos céus de corpo e alma — uma morte incorruptível, segundo a crença.
De lastro histórico, a festa em agosto acabou se apropriando do maior feriado pagão de Roma antiga: a Feriae Augusti, nome depois reduzido para Ferragosto. Era a festa do imperador Augusto, instituída por ele no ano 18 a.C. como dia de descanso para os camponeses depois das semanas intensas de trabalho.
Já sobre a biografia da mãe de Jesus, pouco se sabe que não sejam os registros bíblicos — ou seja, profundamente contaminados por uma visão simbólica — e a tradição eclesiástica construída nos séculos seguintes — enviesada por uma verdadeira teologia mariana.
Ele aponta como a provável primeira menção a uma mãe biológica de Jesus a carta escrita pelo apóstolo Paulo ao povo dos Gálatas. "Ele fala sobre o processo de encarnação de um ser angélico no seio de uma mulher, como quem diz que Jesus nasceu de uma mulher. É um documento dos anos 50 do primeiro século", contextualiza. "Mas não fala nada além disso. Nem sequer fala o nome da mãe de Jesus."
Pesquisadora de história do catolicismo na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, a vaticanista Mirticeli Medeiros concorda que "as fontes sobre 'Maria histórica' são bem escassas". "Além do Evangelho e dos Atos dos Apóstolos, juntamente com a literatura apócrifa, já que o Protoevangelho de Tiago, e o Protoevangelho de Bartolomeu são alguns exemplos, não há nenhuma outra fonte que descreva sua trajetória, do ponto de vista histórico", salienta ela.
Mas há indícios que permitem acreditar que ela teria se tornado esposa de José ainda adolescente, como era praxe entre famílias judaicas daquela época. "Segundo a literatura apócrifa, que mencionamos, ela teria sido apresentada a José aos 14 anos de idade", afirma Medeiros. "Agora seguindo a práxis da época, a mulher deveria ser dada em casamento logo cedo porque era considerada 'fonte de inquietação para os pais'. Sendo assim, segundo a visão da época, melhor que ela fosse prometida já no começo da puberdade. Algumas chegavam a ser apresentadas a seus futuros maridos a partir dos 12 anos de idade. Sendo assim, Maria, como qualquer outra moça da época, pode ter se casado com 14 ou 15 anos, no máximo."