EM 1981 O ESTADO CONSTRUÍDO A MUITAS MÃOS (I)
EM 1981 O ESTADO CONSTRUÍDO A MUITAS MÃOS (I)
(Uma história que deveria ser, mas não é honrada)
Na passada sexta-feira, 22 de dezembro, uma data que deveria ser
comemorada, por ter sido uma conquista de todo o povo, a assinatura,
pelo presidente João Figueiredo, da Lei Complementar 41/1981 que
extinguiu o Território Federal e criou o Estado de Rondônia.
A História de Rondônia chama a atenção por muitos motivos, um deles a
marginalização de fatos e personagens desta própria História, onde é
fácil verificar que dois ou três nomes aparecem sempre e outros que
têm grande importância são colocados numa ação (proposital?) debaixo
do tapete da História.
E isso é passado nas escolas, até porque parece haver dois fatores que
pesam para tal, o primeiro a negação da própria História como um todo,
e o segundo, o raciocínio de que fica melhor repetir o que os outros
dizem do que buscar respostas para perguntas do tipo “Só esses dois ou
três fizeram tudo relevante?”.
Contar a velha história de que alguém chegou aqui dizendo que iria
“transformar” Rondônia em Estado em meu entendimento está errado.
Primeiro que “transformar” parece mais coisa de fada em estórias
infantis. Depois porque pressupõe que Jorge Teixeira construiu tudo.
Não foi assim.
Não nego, não posso negar, nem nunca negarei a importância de
Teixeira, com certeza o primeiro governador midiático do Território,
para que o sonho de muitos rondonienses fosse realidade. Um grande
mérito seu foi fazer o rondoniense acreditar que o “sonho” era
possível – e sem qualquer dúvida havia gente que não queria o Estado,
da mesma forma como muitos não queriam em 1977 a criação de municípios
e nem os criados depois, sob alegações diversas dentre as quais a
cobrança de impostos, a formação das casas políticas etc, o que ouvi
de muitos, inclusive e principalmente de empresários.
A História da criação do Estado, para ser mais recente, começa no
mesmo período que se discutiu, e aprovou, em 1962, a criação do Estado
do Acre, e o deputado Aluízio Ferreira apresentou projeto de elevação
de Rondônia à mesma condição, mas a matéria foi engavetada.
Dois anos antes um nome esquecido da nossa História, mas de grande
importância, não só para Rondônia como para a Amazônia Ocidental e
para o Brasil, o governador Paulo Nunes Leal, conseguia do presidente
JK a ordem para abrir a rodovia BR-029, obra que, “daqui para lá” o
então diretor geral da Madeira-Mamoré Aluízio Ferreira já havia
tentado realizar partindo de Porto Velho mas parando à altura do KM
40.
Nos anos 1960 estudantes e lideranças políticas locais fazem funcionar
o grupo “Rondônia Estado”, que teve como membros ativos o médico Jacob
Atallah, o advogado e jornalista Rochilmer Rocha, os advogados Odacir
Soares e Arquelau de Paula e muitos outros.
Mas o grande movimento para que o Estado surgisse veio com a proposta
do Governo Federal de ocupar a região e centenas de milhares de
brasileiros de todos os estados viessem pela “estrada das onças”
(referência atribuída a Jânio Quadros) a partir de 1967/68 quando o
Incra assume a definição das terras rondonienses, sob a liderança
local dos agrônomos Sílvio Gonçalves de Faria e Assis Canuto.
Em 1971 o deputado Jerônimo Santana faz seus primeiros pronunciamentos
na Câmara Federal e várias vezes em três mandatos, coloca o Território
na pauta, ainda que eu entenda que em alguns casos poderia ter
contribuído mais e seus discursos podem ter causado problemas. Mas
Jerônimo coloca na pauta da Câmara projetos propondo a criação, uma
espécie de ação quixotesca, mas pelo menos lembrava ao país que
Rondônia, tinha de ser visto num outro patamar pelo governo Federal.
Em 1975 com a posse de Humberto Guedes – o mais longevo no cargo
(1975/1979) até então, o sonho começa a ganhar mais força. Ainda
naquele ano ele disse, em entrevista que me concedeu, “já não cabemos
mais na condição de Território”.
Adversário ferrenho de todos os governadores, o comunista e vereador
do MDB Cloter Mota não negava: “Governador de Território em Brasília
tem muitas dificuldades em se fazer ouvir até por funcionário de 3º
escalão”.
De Humberto Guedes ouvi, em outras entrevistas, frases como “Não pode
(o Território de Rondônia) ser tratado como os outros Territórios”,
conseguindo realizar, claro com o apoio decisivo do presidente Ernesto
Geisel, importantes obras, como a contratação de técnicos nas mais
diversas profissões e – o que foi fundamental para fomentar a Lei
41/1981, interiorizando essa mão de obra oferecendo, dentro das
possibilidades então existentes, apoio para aqueles que chegavam sabe
Deus como e enfrentavam, idem, idem, o estranho mundo amazônico e suas
armadilhas.
Há dois ou três anos, conversando com a doutora Janilene Melo, que
atuou na secretaria de Planejamento do Governo Guedes, que àquela
época foi formatado o projeto de estrutura para a criação do Estado. E
que, dias depois da posse de Teixeira, por determinação dele foi a
Brasília para trazer o projeto que o novo governador assumiu para
reiniciar a caminhada. Janilene também foi importante auxiliar de
Teixeira, secretária de Planejamento e, por ee indicada, tornou-se a
primeira mulher a governar um Estado no país ao seer nomeada
governadora substituta e a seeguir assumior, por
Retorno à chegada do Teixeira, que eu já conhecia quando trabalhei em
Manaus – mas, ao contrário do que ouço de muita gente, nunca trabalhei
com ele, e muito menos fui trazido de lá por ele que quando aqui
chegou eu cá já estava há quatro anos.
Teixeira tinha frases muito usadas por ele, como “Transformar Rondônia
em Estado” ou “Não há opinião pública, apenas opinião que se publica”,
esta última, com a qual concordo, é atribuída dentre outros ao
primeiro-ministro inglês Winston Churchill.
E atos que realmente marcaram forte em sua passagem em seis anos à
frente do Território e do Estado, como quando mandou amarrar um motor
de luz e de helicóptero transportou o equipamento, pendurado, sobre a
selva do Cone Sul, de Vilhena a Colorado. Ou quando conseguiu criar o
Banco do Estado, o que ajudou a promover uma ação melhor econômica
melhor a favor de Rondônia.
EM 1981 O ESTADO CONSTRUÍDO A MUITAS MÃOS (II)
(Atores que passam longe da dita História)
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