Aniversário de Rondônia
Rondônia sempre recebeu a todos de braços e coração abertos. Gente de dezenas de pátrias e de todos os recantos do Brasil aqui aportaram com seus sonhos de uma vida melhor. E o estado correspondeu.
É uma nova civilização que se firma na Amazônia, com particularidades ambientais, culturais, sociológicas e antropológicas que permitem falar em uma riqueza continuada apresentando indicadores socioeconômicos acima da média nacional graças, exatamente, ao caráter empreendedor do nosso povo.
Acima de tudo está a nossa biodiversidade riquíssima, somos o portal da Amazônia Ocidental, o princípio do pantanal e temos o serrado e tudo o que possa haver em cada um desses biomas. Na cultura, somos a soma de todas as expressões porque o rondoniense caracteriza-se exatamente pelo seu caráter cosmopolita forjado nas tantas vivências trazidas pelos emigrantes e imigrantes. Porto Velho já teve, de princípio, como língua "oficial", o inglês no primeiro jornal e na cultura dominante nos tempos da construção da ferrovia EFMM. A atual capital um dia chegou até a ser dividida em duas: a cidade-empresa (domínio estadunidense e inglês, por onde passaram trabalhadores de umas 50 pátrias) e a Porto Velho dos brasileiros.
Nos ciclos da borracha, levas de nordestinos modificaram os costumes da região com suas falas e culturas até hoje enraizadas em nossa essência. Os arigós ou soldados da borracha foram e são os heróis da resistência.
Nesse caráter plural, não se pode anular a força das nossas tradições ameríndias que ainda sobrevivem na língua, nos costumes, e nos influenciam mais do que percebemos.
O estado só foi instalado há 37 anos, mas, para chegar ao ponto de ser uma nova estrela na Bandeira Nacional, passou por muitas odisseias em que se despontaram verdadeiros heróis. O maior deles foi o sertanista e indigenista Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon. Foi por sua força e tenacidade que a região foi integrada de fato ao Brasil e nosso mapa de Rondônia feito à foice e muita inteligência estratégica.
Aluízio Ferreira (de farda e capacete) mostra a Getúlio Vargas o projeto da rodovia que, mais tarde, seria a BR-364 (foto: Gente de Opinião)
Embora contestado por tantos por suas posições políticas, fato é que o coronel Aluízio Ferreira também foi essencial à formação de Rondônia. Discípulo de Rondon, nacionalizou a EFMM, foi diretor dos telégrafos, combateu o cangaço em Rondônia e -o mais importante- foi o proponente da criação do Guaporé, tendo recebido o presidente Getúlio Vargas em Porto Velho, que criou o novo território federal constituído por terras do Amazonas (onde estava Porto Velho) e Mato Grosso (onde estavam os antigos municípios de Santo Antônio do Rio Madeira --o maior do planeta em área-- e Guajará).
Na política, o precursor --esquecido-- foi o médico Joaquim Augusto Tanajura, membro da Comissão Rondon (aliás, o velho militar creditava sua própria vida à devoção de Tanajura), que afixando-se às margens do Madeira foi o fundador da primeira escola, da maçonaria, do primeiro clube de futebol, do primeiro jornal em língua portuguesa, primeiro prefeito de Porto Velho e de Santo Antônio, primeiro deputado estadual... defensor dos índios, da educação, da saúde pública... Esquecido sem ter porquê.
A BR-029 (hoje 364) seguiu as linhas telegráficas da Comissão Rondon e nos trouxe mais heróis, tendo como timoneiro o presidente Juscelino Kubitscheck --e não se pode esquecer da figura do governador Paulo Leal (vide o livro "O outro braço da cruz").
Por fim, destaco os governadores Humberto Guedes e Jorge Teixeira. Dois coronéis do Exército. Um preparou e outro consolidou a transição de Rondônia de território para estado da federação. O dia festivo que marcou o novo tempo foi 4 de janeiro de 1982. Mas, muito antes disso, houve muitas lutas que jamais podem ser esquecidas.
Nossa cultura foi dignificada com o maior teatro do Norte do Brasil. Nossa memória preservada no Memorial Rondon. Nunca houve tanto investimento em infraestrutura, em educação, em saúde. A "cara" de Porto Velho mudou com o novo Espaço Alternativo, a ponte do Rio Madeira, o porto modificado e hoje dos mais movimentados do Brasil, o Palácio Rio Madeira e, por último, a internacionalização de fato do aeroporto. No interior, falta quase nada para integrar todos os municípios com asfalto, o estado "bomba" exportando carne para quase 50 países e tornando-se o maior produtor de peixes de água-doce do país (mais de 80 mil toneladas/ano).
Grosso modo, esses foram/são os pilares de Rondônia. O estado que tem o "céu sempre azul" como entoa nosso hino, o mais bonito dentre os de todos os estados pela sua melodia e poesia.
Parabéns, RONDÔNIA!
Júlio Olivar
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