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O país dos bodes expiatórios

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ColunistaValdemir Caldas

Adágios populares nem sempre revelam mais que crenças e preconceitos, motivo pelo qual a frequência com que constituem moda num determinado momento, logo passando ao esquecimento. Adágios, porém, têm vida cíclica, ou seja, vão e voltam, justificando, assim, a realidade a que se aplicam.

Testemunha-se no Brasil de hoje o ressurgir de muitos desses ditos que a sabedoria popular criou e que se manifestam geralmente quando a ciência convencional não consegue explicar os fenômenos.

Ensina-nos uma dessas sentenças que, “em casa onde falta pão, todos reclamam e ninguém tem razão”. Parece ser exatamente isso ao que assistimos no país. Metidos até o pescoço em uma crise econômica, social, moral e politica, substituímos nossa capacidade de rapidamente sair dela pela atribuição de buscar culpados.

Muitas são as causas da crise contra a qual se debate o país, dela se não pode isentar a maioria da classe politica, que não revela interesse pelo bem comum da mesma forma e com a mesma intensidade com que defende seus próprios e mesquinhos interesses. De alguns administradores da coisa pública pode-se dizer que não compreendem com exatidão o papel que lhes incumbe, como mandatários da vontade popular.

Na outra ponta, temos o segmento empresarial, cuja maioria, sabe-se há muito tempo, professa uma única fé, a um único deus, o lucro, enquanto os trabalhadores, facilmente se tornam massa de manobra de lideranças oportunistas de seu próprio meio ou de meia dúzia de políticos igualmente oportunistas. Enfim, todos os segmentos concorrem para a crise, mas nenhum admite ter parcela de culpa no processo.

O resultado disso é buscar bodes expiatórios fora de nossos círculos de atuação, com os segmentos envolvidos acusando-se reciprocamente, uns culpando os outros pelos seus erros, gerando, assim, um círculo vicioso , que a ninguém aproveita, deixando todos com a sensação de perda, enquanto a crise não se resolve; antes, porém, agrava-se.

 


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