Servidores denunciam colapso na saúde: quantos mais terão que morrer em rondônia?

O documento da direção do Cemetron, encaminhado à Sesau e a todas as unidades de saúde do estado, além de anunciar a suspensão do recebimento de novos pacientes, denuncia e documenta o “colapso na saúde pública” rondoniense, em razão da falta de recolhimento de lixo hospitalar. Mas o caos instalado na saúde vai muito além disso. Passa pela suspensão de procedimentos cirúrgicos no Hospital de Base, João Paulo II e Cosme e Damião, em função da absurda falta de bisturis e até esparadrapo, para testemunhar a incompetência governamental na administração dos fabulosos recursos destinados constitucionalmente à saúde pública no orçamento do Estado e da União.
A denúncia parte dos próprios servidores da Sesau, numa tentativa de verbalizar sua indignação e obviamente temerosos de represálias. Assustados com os riscos de contaminação, eles classificam essa comprovação oficial expressa no documento assinado pela direção do Cemetron como uma convocação aos setores responsáveis pela fiscalização para que alguma atitude seja adotada. O problema foi emergencialmente corrigido com a prorrogação do contrato da empresa, que voltou a recolher o lixo.
Mas a origem permanece a mesma, ou seja, a incompetência e a irresponsabilidade forami também emergencialmente prorrogadas. Daí a razão da pergunta: quantos mais precisarão morrer para que alguma atitude seja tomada pela Assembleia, Ministério Público, TCE e Judiciário? Até quando continuarão a fingir que não é com eles? É preciso lembrar – observa um experiente jurista ouvido pelo Blog – que esta situação se enquadra como cerceamento ao exercício de um direito individual e social, o que se constitui em crime de responsabilidade (lei 1.079/50).
Antes que algum idiota se apresse a dizer que estou a manifestar mágoa pela derrota de meu candidato, informo que Isso não me assusta, não provoca, nem merece que eu possa deixar de lado uma questão de tamanha gravidade para perder tempo e dar atenção à mesquinharia de quem se preocupa exclusivamente com a manutenção de sinecuras e boquinhas. É preciso olhar com atenção para a aterradora realidade que se anuncia. Porque todos sabemos que, ao final das contas, os poderosos vão recorrer aos caríssimos tratamentos dos hospitais particulares, enquanto sobre os despossuídos paira a imagem de corpos lançados em caminhões frigoríficos ou sepulturas apressadamente abertas, sem velório ou último adeus”.
Não é admissível que isso possa acontecer justamente no momento em que os índices de contaminação da Covid apontam para forte recrudescimento. É preciso que todos se manifestem, especialmente porque também na esfera municipal o setor de saúde está sucateado. E que a maioria dos médicos tem férias programadas para o final do ano, um direito inquestionável que, no entanto, poderia ter sido administrado com soluções negociadas logo no início da pandemia, caso algum planejamento houvesse. E a economia voltará a ser fortemente afetada, mesmo que se consiga afastar a perspectiva de lockdown, porque o medo não se anula por decreto. .
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