
Redação, Brasília, BR, 15 de setembro de 2025 — As exportações brasileiras de cafés especiais para os Estados Unidos registraram uma queda histórica de 79,5% em agosto de 2025, em relação ao mesmo mês de 2024. Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), foram embarcadas apenas 21.679 sacas, ante cerca de 105.800 sacas no ano passado.
EUA perdem liderança no ranking de importadores premium
Até então, os Estados Unidos ocupavam a primeira posição como destino principal de cafés especiais brasileiros em 2025. Após o “tarifaço” de 50% imposto pelo governo de Donald Trump, o país caiu para 6ª posição no ranking mensal, atrás de Holanda, Alemanha, Bélgica, Itália e Suécia.
Ainda que mantenham a liderança no acumulado do ano, especialistas da BSCA alertam que isso pode mudar caso a sobretaxa persistir nos próximos meses.
Tarifas e reflexos no mercado
A sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros — incluído o café especial — entrou em vigor em 6 de agosto, como parte de uma política comercial unilateral dos EUA que afetou milhões de dólares em exportações brasileiras.
O impacto foi imediato e severo: os embarques ao mercado americano despencaram, causando cancelamentos e condições inviáveis de preços segundo a presidente da BSCA; “com a taxação atual, o café brasileiro chega ao mercado norte-americano com preços inviáveis”.
Redirecionamento de mercados e efeitos no comércio global
O revés nos EUA fez com que compradores europeus assumissem maior protagonismo. Países como Alemanha, Holanda e Bélgica ampliaram suas compras, enquanto exportações de café convencional e solúvel também caíram, em torno de 50% a 60% para os EUA no mês de agosto.
Apesar da redução de volume, a receita cambial total com todas as exportações de café em agosto cresceu 12,7%, alcançando US$ 1,101 bilhão, impulsionada pelo aumento dos preços internacionais.
Consequências para produtores e consumidores
- O segmento de cafés especiais, que possui maior valor agregado, sofre mais sensivelmente com o represamento de mercado nos EUA.
- A BSCA e o Cecafé pressionam por intervenção diplomática do governo brasileiro para reversão ou flexibilização das tarifas.
- No mercado americano, cafés já estão mais caros: o preço no varejo subiu para US$ 8,87 por libra, e a inflação do setor aumentou 21% nos últimos 12 meses.
- Especialistas alertam que o impacto pode se estender à inflação no Brasil, já que o consumidor nacional enfrenta repasse de custos internos.
Resumo das principais informações
Tema | Destaques principais |
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Exportações de café especial | 21.679 sacas exportadas aos EUA em agosto; queda de 79,5% interanual |
Ranking de importadores | EUA caem do 1.º para o 6.º lugar; Alemanha, Holanda, Bélgica, Itália e Suécia à frente |
Tarifa imposta pelos EUA | 50% sobre produtos brasileiros, incluindo café |
Receita cambial total | US$ 1,101 bilhão em agosto, alta de 12,7% apesar da queda de volume |
Efeitos no mercado interno | Crescimento dos preços domésticos impacta inflação no Brasil |
Ação esperada | Pedido conjunto de exportadores por negociação diplomática |
Fonte: noticiastudoaqui.com