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MÃE E ‘PÃE – Como Dona Zuleide

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ColunistaOsmar Silva

Fui ‘Pãe’ – mistura de pai e mãe – ainda criança, antes mesmo que este termo fosse inventado, dos meus próprios irmãos. Sendo o mais velho de oito filhos, criado por mãe abandonada pelo marido, tive uma infância cheia de amor de mãe, mas também de deveres e obrigações.

Uma das obrigações era a de cuidar dos irmãos enquanto minha mãe trabalhava para garantir o sustento de todos. Dos oito filhos vivos, vieram primeiro os quatro homens e, depois, quatro mulheres. Um, o primeiro, nascido quando minha mãe ainda era uma criança púbere de 12 anos, morreu dias após nascer prematuro de sete meses.

Estamos falando do tempo da primeira Guerra Mundial, 1943.

Nasci em 1944, quando ela tinha 13 anos. E, aos 25, Dona Zuleide Ferreira da Silva já havia completado sua obra materna. E ficou sozinha, sem pensão, sem dinheiro e analfabeta, como sua mãe, Salomé, quando saiu da aldeia dos tapuios do Maranhão pelas mãos do tropeiro Abdon, de origem libanesa, nascido no Ceará.

Assim, tudo me foi ensinado fazer. Limpar a casa, lavar a louça, lavar e passar a roupa, cozinhar e cuidar dos ‘filhos D’ela’. Além de estudar sem nunca, por motivo algum, faltar à escola. E mais: na condição de mais velho, trabalhar para ajudar ganhar dinheiro e sustentar a família.

Desta forma, eu cuidava de tudo quando ela estava fora. Até do banho e da troca de roupa dos meus irmãos e irmãs, no fim da tarde, como era o costume e a ordem. Quando chegava, cansada, carregando coisas, produtos da roça e comida, examinava um por um dos filhos, conversava e procurava saber o que havia acontecido na sua ausência.

Se detectava alguém mal higienizado, me chamava, mostrava meu erro e me mandava fazer tudo de novo. Quando trazia algum ‘agrado’ para os filhos, eu era o último da fila. Se sobrasse. “Tú é o mais velho. Não fique zangado, dê o exemplo”. Me abraça e me beijava. E tudo se enchia de alegria e de amor.

Minha mãe foi assediadíssima por famílias com melhores condições de vida, que pediam um dos seus filhos para criar. Uma coisa comum naqueles tempos. Principalmente, as meninas, algumas branquinhas de olhos claros. Mas nunca, em nenhum momento fraquejou. Sua resposta era “não. Não dou filho meu”.

E, no domingo, ia para a igreja, para a missa das 8 horas, véu branco na cabeça, cercada pelos filhos e filhas, roupas humildes, mas bem limpinhas, passadas na goma e no ferro. Um par de chinele ou chamató (tamanco), limpinho, nos pés.

Caminhava orgulhosa, com um véu na cabeça. Parecia uma santa.   

Minha mãe tem 90 anos e todos os oito filhos que Deus lhe deu. Vivos, idosos, saudáveis, honrados e apaixonados pela Dona Zuleide.

Rogo a Deus, Neste Dia das Mães, de 2021, para que todos tenham uma mãe como a Dona Zuleide. E suplico ao meu Senhor Jesus Cristo para que toda mãe, hoje e sempre, seja uma mãe como a Dona Zuleide.

Osmar Silva-Jornalista-Presidente da Associação da Imprensa de Rondônia-AIRON e da Federação Nacional dos Comunicadores Seccional Rondônia-FENACOM-Diretor/Editor do noticiastudoaqui.com-e-mail sr.osmarsilva@gmail.com – WhatsApp 992.0362   

 

 

 

   


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