‘SALVE A MOCIDADE...’, GRANDE ELZA | Notícias Tudo Aqui!

‘SALVE A MOCIDADE...’, GRANDE ELZA

Compartilhe:
ColunistaOsmar Silva

Na segunda metade da década de 60 eu ainda morava no Rio de Janeiro, após passar uma temporada fora fugindo do Dop’s do novo regime militar imposto ao Brasil. E, no Bairro Cavalcante, na Zona Norte da cidade, morava minha tia Isabel e meus três primos, num quarteirão próximo da quadra da Mocidade Independente de Padre Miguel onde, de quando em vez, eu batia ponto.

Foi ali, num terreno murado com uma edificação modesta ao fundo, onde se destacava um palco elevado, que ví pela primeira vez os ‘furacões’ Elza Soares e o Mané Garrincha. Desde então virei fan dos dois. Mesmo com o histórico romance deles sendo demonizado e repudiado todo mundo.

Mas a voz e a postura altiva e reativa de Elza, e o talento inconteste de Garrincha, se impunham e calavam as vozes mais atrevidas. Afinal, ele era casado e pai de muitos filhos num tempo em que não havia divórcio. O máximo que se obtinha era o desquite, com a má vontade do juiz e a condenação às penas do inferno pela Igreja Católica.

Uma mulher envolvida com homem casado naqueles tempos, não era somente ‘a outra’: era ‘a puta’, a ‘sem vergonha’, ‘a destruidora de lar’. Portanto, uma pessoa indigna de vida em sociedade. Sem direito a convites para festas de debutantes, de casamento, de aniversário mesmo entre as camadas mais humildes da sociedade. Para o homem sobrava, no máximo, o epíteto de ‘cafajeste’ que o ator Jece Valadão glamourizava no Cinema Novo brasileiro.

Mas na quadra da Mocidade ela era a Elza, a rainha da escola, querida e aplaudida por todos. Isso numa época em que não existia sambódromo. Os desfiles das escolas eram na corda, na Avenida Brasil. O público acompanhando a escola no final do desfile. O desfile era democrático, grátis.

E a paixão pela Elza explodiu de vez quando ela cantou o samba-enredo ‘Salve a Mocidade, Salve a Mocidade’ e fez parte do grupo de puxadores de samba nos desfiles da escola. Aí, seus pecados foram perdoados, o Garrincha já havia se separado e o romance tornou-se símbolo da força do amor.

Ainda hoje me pego, aqui e acolá’, lembrando da Elza: ‘Salve a Mocidade! Salve a Mocidade’.

Osmar Silva – Jornalista – Diretor e editor do noticiastudoaqui.com

   

 

 


 Comentários
Noticias da Semana
Dicas para te ajudar
TV Tudo Aqui