Prevaleceu a politica do “é dando que se recebe”
A proposta de reforma tributária aprovada em dois turnos no plenário da Câmara dos Deputados mostrou à sociedade brasileira o grau de irresponsabilidade que ainda permeia a conduta da maioria dos políticos, seguindo, portanto, o mesmo comportamento execrável tantas vezes visto naquele recinto em período não muito distante.
Conduta dessa natureza que, no passado, era condenada pelo próprio partido do presidente da República, hoje é aceita com a maior naturalidade, sem considerar contextos, apenas uma aposta em dividendos políticos. Depois de tudo o que se viu nos governos Lula e Dilma, o que se esperava era que o Congresso de agora não repetisse atitudes politiqueiras do passado, principalmente quando envolvesse matérias de tamanha relevância, mas o que aconteceu foi exatamente o contrário, quando deputados optaram pelo caminho mais fácil.
Infelizmente, a grande maioria dos parlamentares preferiu ignorar, solenemente, os impactos da medida no bolso do contribuinte brasileiro, para ser simpáticos ao governo, em troca de sinecuras na Esplanada dos Ministérios, ou em seus redutos eleitorais, reforçando, assim, os alicerces da política miúda que ainda é praticada no Brasil, atrelando a concessão de cargos ao resultado de uma votação que mexe com o destino de milhares de pessoas. Quem apostou que, no governo Lula, o país abandonaria a política do “é dando que se recebe” para tratar em outro nível dos temas que precisam ser colocados além do jogo politico e do embate entre situação e oposição, caiu do cavalo. Desgraçadamente, o que se viu no plenário da Câmara dos Deputados, comandado pelo presidente da Casa, Artur Lira, vai se repetir no Senado, presidido por Rodrigo Pacheco, ou seja, prevalecerá a politica do “é dando que se recebe”, com as devidas exceções.
Por Valdemir Caldas
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