GUERRA CONTRA GARIMPEIROS - Operação de combate ao garimpo ilegal destrói quatro aeronaves e 49 acampamentos de invasores na Terra Yanomami
Ações ocorreram nos últimos 36 dias, entre 4 e 10 de março e envolvem 21 órgãos do governo federal. Nova fase de desintrusão dos garimpeiros ocorre após a instalação da Casa de Governo em Roraima.
As Forças de Segurança do governo federal destruíram quatro aeronaves, 49 acampamentos de invasores, 200 motores, 12 balsas e 36 geradores em uma operação de combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. O resultado foi divulgado nesta sexta-feira (12). As ações ocorreram nos últimos 36 dias, entre 4 e 10 de março.
A operação envolve 343 servidores e militares, além de 21 órgãos do governo federal. A nova fase ocorre após a instalação da Casa de Governo em Roraima, realizada em fevereiro, que visa frear a crise no território Yanomami.
O levantamento apresentado pela Casa de Governo, contém as medidas realizadas pela operação Catrimani II, das Forças Armadas, e pelos órgãos que atuam no processo de desintrusão. Além da destruição de itens usados na atividade ilegal, a operação apreendeu e inutilizou:
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114 kg de mercúrio, metal usado por garimpeiros para separar o ouro de outros sedimentos e, assim, deixá-lo "limpo";
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38,4 mil litros de óleo diesel;
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6,6 mil litros de gasolina de aviação;
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3 balsas;
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2 aeronaves;
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7,3 mil quilos de cassiterita;
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24 antenas Starlink.
"Os resultados já alcançados em 2024 mostram um trabalho articulado, planejado e coordenado. A determinação do presidente Lula é que o Estado assegure a paz e a proteção dos yanomami. Seguimos com o compromisso de cuidar das comunidades indígenas, preservar o meio ambiente, a Amazônia e a Terra Yanomami", afirmou o diretor da Casa de Governo, Nilton Tubino, responsável pela articulação dos órgãos federais envolvidos.
Ainda na ação, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Brasil (ANP) realizou a fiscalização de nove pontos de abastecimento e 15 postos revendedores de combustíveis, aplicando 19 autos de infração, três autos de interdição e 26 notificações.
Já na logística a aérea, principal meio usado pelos garimpeiros para acessar a Terra Yanomami, a operação identificou 180 pistas de pouso clandestinas. Somada a essas ações, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) realizou a fiscalização de 121 aeronaves. O piloto de um helicóptero destruído pelo Exército foi preso e a Justiça Federal manteve a prisão.
Terra Yanomami
Com 9,6 milhões de hectares, a Terra Yanomami é o maior território indígena do Brasil em extensão territorial e enfrenta uma crise sem precedentes, com casos graves de indígenas com malária e desnutrição severa. A crise foi agravada pelo avanço do garimpo ilegal, principalmente nos últimos anos.
Em janeiro de 2023, o governo federal começou a criar ações para enfrentar a crise, com o envio de profissionais de saúde, cestas básicas e materiais para auxiliar os Yanomami. Além disso, forças de segurança foram enviadas para a região para frear a atuação de garimpeiros no território.
Mesmo com o enfrentamento, um ano após o governo decretar emergência, o garimpo ilegal e a crise humanitária permanecem na região.
O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) estima que cerca de sete mil garimpeiros ilegais continuam em atividade no território. O número de invasores diminuiu 65% em um ano, se comparado ao início das operações do governo federal, quando havia 20 mil invasores no território.
Em março deste ano, 600 indígenas, entre pacientes e acompanhantes, estavam vivendo na Casa de Saúde Indígena Yanomami (Casai), na capital Boa Vista. O local recebe os indígenas que estão com doenças mais graves e precisam receber atendimento de saúde dos hospitais na capital.
No dia 2 de abril o Profissão Repórter mostrou como, um ano após a intervenção do governo federal, o garimpo e as doenças trazidas pelos invasores continuam sendo a maior ameaça para os Yanomami.
No último dia 4 deste mês, o Instituto Socioambiental em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou um estudo que mostra que indígenas de nove comunidades da Terra Indígena Yanomami têm alto nível de contaminação por mercúrio. A pesquisa aponta que 94% dos indígenas que participaram da pesquisa estão contaminados pelo metal pesado.
Para tratar à contaminação de indígenas por mercúrio, o governo realizou a capacitação de 29 profissionais de saúde no Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Yanomami com o curso de Atualização Profissional em Vigilância e Monitoramento de Populações Expostas ao Mercúrio no Brasil.
Além disso, constituiu um grupo de trabalho no Ministério da Saúde para elaborar o Plano Estratégico para Medidas de Atenção, Vigilância e Promoção Integral à Saúde das Populações Expostas e Potencialmente Expostas ao Mercúrio (GT-Mercúrio)
Também iniciou o projeto transversal entre os ministérios da Saúde e do Meio Ambiente e Mudança do Clima denominado Projeto de Monitoramento Ambiental no Território Indígena Yanomami e Alto Amazonas para avaliar a presença de Substâncias Químicas de Interesse (SQI) da atividade de garimpo com uso de mercúrio em rios da bacia Amazônica e propor ações corretivas ou preventivas. O projeto analisa 41 pontos, sendo 26 dentro da terra Yanomami.
Também tratará o risco de contaminação por mercúrio, os projetos de aquicultura a cargo do Ministério da Pesca e Aquicultura, com orçamento previsto de R$14 milhões. A iniciativa está alinhada a estratégia de segurança alimentar dos indígenas e à proteção dos impactos de pescado contaminado.
(g1)
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