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MONTEZUMA CRUZ - Na expectativa de regularizar 5 mil concessões de uso, Rondônia exclui seu misterioso Instituto de Terras

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Sai ano, entra ano, Governo de Rondônia, Assembleia Legislativa, Incra, Sepat devem informações. São todos responsáveis pela criação do ainda oculto Instituto de Terras de Rondônia (Iteron), cuja direção é desconhecida. Enquanto isso, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em 2025 estima que assentará 5 mil famílias até dezembro envolvendo o trabalho de parceria com o governo estadual e o Instituto Federal de Rondônia (Ifro).

 

Segundo a Superintendência Regional do INCRA, pequenos produtores rurais foram contemplados com a aplicação de R$ 50 milhões em créditos que contemplaram a 3,5 mil famílias, das quais, 250 obtiveram moradias.

Serão 3.670 famílias regularizadas em 145 projetos de assentamento (PAs) e 2.639 concessões de uso entregues. Nas glebas públicas federais, foram entregues 519 títulos de domínio e 1.157 Certidões de reconhecimento de ocupação, informa a autarquia.

Já o Instituto de Terras de Rondônia (Iteron) fez aniversário e permanece na obscuridade.

Trata-se de autarquia estadual vinculada à Sepat, “dotado de autonomia administrativa e financeira.” Nunca se divulgou qual o montante de seu caixa, tampouco se o dinheiro é fruto do orçamento estadual ou de emendas parlamentares.

Incra em Rondônia tem parceiros para cumprir antigos compromissos de assentamentos familiares

De acordo com a assessoria de comunicação do INCRA, Rondônia ganhou três PAs nos municípios de Alto Paraíso (PA Formosa) e Seringueiras (PAs Bom Futuro e Riacho Doce), com o total de 574 vagas. Eram áreas de conflitos, agora originando o maior volume de vagas em novos assentamentos criados em 2024 no País – conforme análise do próprio INCRA.

Há pelo menos uma década o estado não via a cor de um só assentamento, mesmo assistindo a situações de violência, com mortos, feridos e perseguidos. “Todo o esforço da instituição será concentrado na entrega de 5 mil títulos de domínio de lotes para a transferência definitiva ao posseiro”, anunciou o superintendente Luís Flávio Carvalho Ribeiro.

Ele considerou positiva a atuação da autarquia no ano passado, enfatizando a entrega de documentos da terra, hoje conhecidos por contratos de concessão de uso, e as certidões de reconhecimento de ocupação, que transferem provisoriamente o lote ao beneficiário.

“São fundamentais no processo de regularização fundiária e já conferem garantias ao possuidor”, resume nota distribuída pela Superintendência na semana passada.

O INCRA promete agora “avançar mais”, em Rondônia, a fim de obter segurança jurídica aos beneficiários. Nesse aspecto, a autarquia conta com a parceria da Secretaria de Estado de Patrimônio e Regularização Fundiária (Sepat), cujas atividades são vistas com frequência nas páginas oficiais.

Avaliando 2024, Ribeiro mencionou outros colaboradores do trabalho do INCRA: o Instituto Federal de Rondônia (Ifro), a própria Sepat, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam), a Emater e a Fundação Rio Terra.

Estranheza

Governo e Assembleia – criadores – nunca explicaram corretamente a criatura. Qual o papel do Iteron na consolidação de uma parte da titulação esperada desde o início da reforma agrária, quatro décadas atrás?

O próprio parto do Iteron é esquisito, pois compromete a assinatura do vice-governador do estado, Sérgio Gonçalves e não do titular, coronel Marcos Rocha. O próprio (mau) exemplo do Iterpa, o instituto do Pará, não serviu de alerta.

Ninguém sabe, ninguém viu

Criado pela Lei Complementar nº 1.180 (14 de março de 2023) assinada pelo vice-governador, na ausência do titular, nunca mereceu uma só explicação do governo e da Assembleia. É caso único em que criadores e criatura não assumem a história.

Se o leitor visitar neste momento o portal do governo de Rondônia, clicando a página do Iteron, seguirá se frustrando: não tem agenda, nem quem é quem. O espaço destinado a essas informações está em branco. Ou seja: Rondônia e o País desconhecem o que fazem os servidores do Iteron. Pior: não sabem quem são seus dirigentes, ao contrário da Sepat. Muito menos, qual o papel desse órgão na regularização de terras no estado.

Varadouro volta a insistir no mesmo assunto de 2024, quando reivindicou o cumprimento da prometida e fartamente alardeada transparência de governo e parlamentares: o que faz e qual o papel do misterioso Iteron?

Novos assentamentos em Rondônia devem receber aproximadamente 600 famílias em 2025 (Foto: Gleilson Miranda/Varadouro)

O instituto nasceu em 2023 com a seguinte previsão de atribuições:

Lei 1.180:

Subseção I

Do Instituto de Terras do Estado de Rondônia – ITERON

Art. 111-B. Fica criado o Instituto de Terras do Estado de Rondônia – ITERON, autarquia estadual vinculada à Secretaria de Estado de Patrimônio e Regularização Fundiária – SEPAT, dotado de autonomia administrativa e financeira, regido por esta Lei Complementar e por seu regimento interno, aprovado mediante Decreto do Poder Executivo, competindo-lhe:

I – Promover a discriminação administrativa das terras localizadas na área rural de seu território;

II – Reconhecer as pessoas legítimas e destinar as terras apuradas, arrecadadas e incorporadas ao patrimônio imobiliário do Estado de Rondônia, de forma a promover a democratização do acesso à terra e fixação do homem no campo;

III – realizar, bienalmente, a avaliação das terras devolutas e do patrimônio do Estado, agrupadas nas respectivas regiões, atribuindo valoração uniforme a cada lote, respeitando as especificidades;

IV – Promover a formalização e tramitação, em tempo razoável, de processos administrativos que visem à expedição de licenças de ocupação, títulos provisórios e definitivos, com chancela do Governador do estado de Rondônia;

V – Coordenar a elaboração e a implementação dos planos de regularização fundiária rural por meio de convênio e/ou outros instrumentos;

VI – Promover, em conjunto com demais órgãos ou entidades, apoio técnico, social e ambiental aos assentados nos programas do Estado, para implementação de políticas públicas de desenvolvimento agrícola e preservação ambiental; e nacionais ou internacionais, para execução de suas finalidades e competências.

Montezuma Cruz
Dos varadouros de Porto Velho

 


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