CONFÚCIO: ”Em tempo de indignação, não correrei risco, não quero processo” – Vídeo | Notícias Tudo Aqui!

CONFÚCIO: ”Em tempo de indignação, não correrei risco, não quero processo” – Vídeo

Compartilhe:

 

Que governador sairá de Rondônia nas eleições de outubro? Confúcio Moura ri, solta a gargalhada sem nada responder. Mesmo conhecendo-se sua generosidade e jeito conciliador, ele não evidencia sinais de beligerância, nem de apoio a possíveis candidatos de outras siglas.

Irônico, do alto de suas quatro décadas de MDB, PMDB e agora MDB de novo, ele ainda digere a gravação onde tramaram o seu impeachment.

Magnânimo, apertou recentemente as mãos de Maurão, na solenidade de entrega do Mérito Rondon, do qual o deputado foi um dos agraciados.

Nega qualquer interferência na atual administração: “A gente não tem como influenciar o novo governo. Daniel Pereira pertence a um partido, e eu sou de outro”.

Terceira parte da entrevista, a seguir:

Qual é o seu legado para Rondônia?

O ajuste das contas do estado, ele é fantástico. Foram sete anos sem atrasar salários, pagando fornecedores em dia, com céu de brigadeiro para o servidor. Logicamente, houve conflitos e greves, mas administramos todas.

Deixo o estado preparado, com sede única, com poucos aluguéis de prédios, tudo minimamente controlado e isso pode ser ainda mais refinado. O dinheiro que sobrou aplicamos na educação. Fizemos obras e convênios com prefeituras.

Todo prefeito recebeu algum benefício, e além do mais, as duas cidades onde faltava asfalto, Campo Novo de Rondônia e Pimenteiras d’Oeste, já o receberam. Iniciamos a reforma da malha viária antiga. De8 mil cargos comissionados, ficaram 4 mil e poucos, 50%.

O que o senhor fez para Porto Velho?

Fizemos o Espaço Alternativo e a rede de saúde estadual é vista como da prefeitura; não sabem(as pessoas) que a prefeitura faz uma parte que é a atenção básica e nós cuidamos da alta complexidade. Mas todo mundo mora no estado. Nossas policlínicas estão cheias, o Hospital de Base com 630 leitos.

“NÃO DEIXAMOS OS PREFEITOS SUCUMBIREM”

O senhor disse na despedida que foi um grande prefeito...

Sim, fui um governador-prefeito, um prefeitão. Peguei a maior crise brasileira, mas não deixamos os prefeitos sucumbirem. Dividimos o pão de cada dia com os prefeitos. E isso foi muito importante. O microcrédito cresceu em nosso governo: temos agora funcionando mais de 30 agências do Banco do Povo na Capital e no Interior. Pequenos laticínios cresceram e ampliam seus negócios. Conseguimos um grande pacto para a regularização fundiária, mas ainda há muito a fazer.

“GANHAM TRINTA E POUCOS MIL, AINDA QUEREM MAIS, E INVENTAM MODAS”

Como devem ser as bases para um reajuste salarial de servidores, tomando-se, por exemplo, a recente greve de juízes federais, descontentes com o salário que recebem e a proibição pelo ministro Dias Tóffoli (STF) de reajuste para procuradores em Rondônia?

Mais cedo ou mais tarde, essa e outras questões brasileiras devem ser passadas por uma Assembleia Nacional Constituinte. Ela poderá definir gratificações e salários do servidor público brasileiro, desde as suas aposentadorias precoces e esse mundo de penduricalhos.

Há servidores recebendo altíssimos salários na Câmara dos Deputados, no Senado Federal, em Câmaras de Vereadores, e em muitos outros lugares, e eles não se conformam com a carreira típica de Estado que os nivela em torno de trinta e poucos mil reais, daí inventam moda.

O senhor reajustou?

Aqui em Rondônia, agentes administrativos ganhavam menos que o salário mínimo. Demos uma melhorada nesse salário e pequena gratificação a eles, o que chega uns 1.500 reais por mês. Mas tudo tem que ser revisto. Essa elite brasileira que ganha altos salários acha que é pouco, ela nunca aceita que esteja ganhando isso.

Dinheiro é o seguinte: quanto mais tem, mais se gasta. Se você está numa casa pequena, quer comprar uma maior; se está com carro velho, quer um novo bonito; se está com a velha calça jeans, vai à loja para adquirir a nova. Então, o dinheiro não tem limite, você pode gastar tudo o que tem, e assim a vida segue. Mas é necessário chegar-se a uma base salarial compatível com o Brasil.

A quebradeira não está distante...

Se não houver combate à desigualdade de renda de maneira muito corajosa, mais cedo ou mais tarde, quando os estados forem caindo no efeito dominó, com inevitável quebradeira, aí virá a reforma constitucional por necessidade, como aconteceu na Grécia, na Irlanda e noutros países que se ajustam.

Os ricos estão mudando comportamento e regras de convivência, porque o mais importante de tudo é o serviço público atender bem.

N.R: O ministro Dias Tóffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar que suspende os efeitos de Lei Complementar de Rondônia e impede a nomeação de novos integrantes para os cargos de procurador-geral e procurador-geral adjunto no DER e da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (Idaron). E suspende, ainda, a alteração do padrão remuneratório de todos os integrantes da carreira de procuradores autárquicos de Rondônia. 
Leia a respeito da ação direta de inconstitucionalidade


“NÃO SE PODE ADMINISTRAR UM PAÍS COM 35 PARTIDOS”

Sua presença no Senado seria, pelo visto, parte de uma grande mudança no papel dessa instituição...

A reforma do Judiciário, eu repito, nunca deu certo no Brasil e no mundo. Pode prender quem quiser, se ela não vier associada à reforma política,por mais que se prenda, a corrupção ainda impera.

Então, é preciso fazer o fechamento disso com leis e com ações parlamentares, dentre elas, a primeira é a reforma política. Não se pode administrar um País com 35 partidos, fazendo acordos individualizados com cada um deles.

É dando que se recebe...

Partidos com pastas debaixo do braço em época de eleição. Isso não existe, não é partido. É uma desmoralização a pessoa fazer um milhão de votos numa eleição e elege um vereador com duzentos votos. Barbaridade, não tem lógica.

Têm que ganhar os mais votados, aqueles que o povo qualificou, aí sim. Não existe nenhum governo de coalizão, mas um governo de cooptação. Cooptar pessoas para te apoiarem. Isso é impossível, não é democracia.

A reforma, portanto, se combina à Operação Lava Jato, com o Ministério Público e vai alinhar a questão. A forma de o Brasil exercer o seu republicanismo, federalismo, não é nenhuma democracia de fato, nem presidencialismo clássico, nem um parlamentarismo correto, ele é uma meia sola de tudo.

Que coligação o senhor espera em Rondônia?

Fazendo a reforma política não precisa cooptar. É situação e oposição, cara a cara. Quem é favor é a favor, quem é contra é contra, e tem a linha moderada no fiel da balança.

Com esse universo de partidos sem um deputad0 federal, não existe possibilidade de sucesso. Temos o presidencialismo clássico, dando poderes maiores, a exemplo do americano, onde o Senado é que detém o poder do orçamento e atende, em difíceis discussões, os pedidos de alterações feitas pelo presidente. O Congresso aí é fortalecido.  

“ELES TÊM UM LADO E EU TENHO OUTRO”

O senhor deixou o governo, deixou parceiros, parte do secretariado, e têm ocorrido naturalmente algumas mudanças. Como vê a situação?

A gente não tem como influenciar o novo governo. Daniel Pereira pertence a um partido, e eu sou de outro. Logicamente, virão eleições, eles têm um lado, eu tenho outro. Eu estou no MDB, ele no PSB. Ele está buscando colocar gente de confiança dele no governo, porque a maioria dos que estavam lá eram pessoas de confiança do nosso partido.

A substituição que ele faz é para fazer a transição, o fechamento. Até junho ele pode fazer alguns convênios, obter alguns recursos, depois até novembro o governo para. Sobra o tempo então para fechar a contabilidade e fazer o fechamento de contas, relatório para o Tribunal de Contas. A austeridade fechará o mandato.

“É A POLÍTICA EM TEMPOS DE INDIGNAÇÃO”

O MDB já teve noutras ocasiões dois candidatos ao Senado. Desta vez vai conseguir emplacar os dois?

Na história de Rondônia já houve caso de se eleger todos do mesmo lado [N.R: Claudionor Roriz, Galvão Modesto e Odacir Soares. Eleitos três senadores pelo PDS em 1982], mas este ano estamos em tempo de desconfiança máxima, a população é protagonista disso aí. Todos vamos aprender muito. Eu vou disputar a 10ª eleição, mas parece que é a primeira.

Como será a sua campanha?

Começo a pensar a maneira como vou me acordar e me comportar na disputa. Uma coisa está em minha cabeça: não vou correr risco, nada farei o que a lei proíbe, não quero nenhum processo. Vou me ajustar ao máximo às leis e não vou fugir dela. Todo rondoniense conhece o Confúcio Moura, por isso minha campanha será bem simples.

Quem serão seus adversários?

Têm os históricos, os mesmos. Os que gostam do meu jeito e os que estão indefinidos que eu vou ter que conquistar. É a política em tempos de indignação. Se vocês souberem como fazer campanha, eu aceito sugestão.

Que governador Rondônia terá nas eleições de outubro?

[Confúcio ri, gargalha – sem nada responder] 


Veja a primeira parte da entrevista 

NÃO ME METO EM NADA DO QUE ELE ESTÁ FAZENDO 

 

Leia na 2ª parte da entrevista: 

CONFÚCIO: “JOÃO PAULO II TEM O MELHOR PLANTÃO DA MADRUGADA” - VÍDEO

 

MONTEZUMA CRUZ e OSMAR SILVA
Notícias Tudo Aqui


 Comentários
Noticias da Semana
Dicas para te ajudar
TV Tudo Aqui