Não se redime um cego sem lhe proporcionar a leitura
Vinte e seis anos atrás o saudoso médico oftalmologista Hilton Rocha visitava Foz do Iguaçu. Aos 80 anos de idade, ele participava do Congresso Brasileiro das Santas Casas, em 1991. Naquele período, a cada fim de semana uma equipe de 25 profissionais da Fundação que leva o seu nome embarcava num ônibus para atender pessoas pobres do Vale do Jequitinhonha, no interior de Minas Gerais.
Essa região agrupa 51 municípios mineiros e se tornou muito conhecida nos anos 1970 por seus baixos indicadores sociais e características do sertão nordestino. A equipe do doutor Hilton cuidava de pessoas com catarata, carne crescida, glaucoma e outras doenças.
Semblante calmo, fala mansa, doutor Hilton ditava para o repórter (*): “Não se redime um cego sem lhe proporcionar a leitura”.
Daquele congresso em Foz participavam também dirigentes da extinta Santa Casa Monsenhor Guilherme, que atendia brasileiros, paraguaios, argentinos e brasiguaios.
“Entre os direitos do homem deve ser incluído o de ver. E o cego deve ter o direito de trabalhar”, ele proclamava entusiasmado. Saía do doutor Hilton o pleito oficial ao Ministério da Educação, para que incluísse a cegueira na campanha Alfabetização e Cidadania.
De lá para cá, outros encontros ocorreram. Em 2010, por exemplo, lá em Cobija, no Departamento de Pando (Bolívia), conversei com médicos cubanos da MisiónMilagro, que devolviam a visão às pessoas, sem nada cobrar pelas cirurgias. Fizeram isso em regiões fronteiriças na Bolívia, no Peru e na Venezuela.
Muitos brasileiros se valeram deles para ver a luz do Sol e o clarão da Lua.
Reflito: estima-se no Brasil em 0,5% a prevalência de cegueira, ou seja, cerca de 900 mil pessoas. Outros três milhões de pessoas devem estar na situação de deficiente visual. Se o número de cirurgias ficar abaixo de dois mil por milhão de habitantes ao ano – e tomara que isso não ocorra – o País deve chegar ao ano de 2020 com cerca de 400 mil cegos a mais.
Desde o final da década passada, com o funcionamento de mutirões, o número de cirurgias aumentou de 50 mil para 200 mil por ano.
Com tanta difusão do alfabeto Braille e o avanço das tecnologias digitais, quem sabe o sonho do doutor Hilton Rocha se realize neste milênio. A Humanidade agradece.
(*) O repórter trabalhou em Foz do Iguaçu na fronteira brasileira com o Paraguai e Argentina, no período de 1991 a 1997.
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