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Vedas - primeiros escritos religiosos do mundo

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ColunistaMarco Anconi

Vedas, os primeiros livros religiosos do hinduísmo, foram escritos em sânscrito, por volta de 1500 anos a.C. A palavra Veda, em sânscrito, significa "conhecimento".

Denominam-se Vedas os quatro textos em sânscrito que formam a base do extenso sistema de escrituras sagradas do hinduísmo e que representam a mais antiga literatura de qualquer língua indo-europeia (o Proto-indo-europeu foi a língua mãe de todas as faladas no Oriente-médio e norte da África, em toda a Ásia, em toda a Europa e em todas as Américas -exceto as línguas indígenas e as de origem anterior à colonização hispano-portuguesa).

São estes os quatro Vedas:

Rigveda: significa "veda dos hinos". É o primeiro, na ordem comum de enumeração dos quatro Vedas;

- Samaveda: significa "veda dos cantos rituais". É o terceiro, na ordem comum de enumeração dos quatro Vedas;

- Yajurveda: significa "veda do sacrifício". Contém textos religiosos com foco na liturgia, nos rituais e no sacrifício, e como executá-los.

- Atarvaveda: composto de atharvān (um tipo de sacerdote). É o quarto veda.

Muitos historiadores consideram os Vedas os textos sobreviventes mais antigos. Estima-se que as partes mais novas dos vedas datam a aproximadamente 500 a.C.; o texto mais antigo (Rigveda) encontrado é datado a aproximadamente 1500 a.C., mas a maioria dos indólogos concorda com a possibilidade de que uma longa tradição oral existiu antes que os Vedas fossem escritos, algo por volta de 4000 a.C. Representam o mais antigo estrato de literatura indiana e, de acordo com estudantes modernos, são escritos em uma forma de linguagem que evoluiu no sânscrito.

Os vedas consistem de vários tipos de textos, todos datando aos tempos antigos. O núcleo é formado pelos Mantras que representam hinos, orações, encantações, mágicas e fórmulas rituais, encantos, etc. Os hinos e orações são endereçados a uma grande quantidade de deuses (e algumas deusas), dos quais importantes membros são Rudra, Varuna, Indra, Agni, etc. Os mantras são suplementados por textos relativos aos rituais sacrificiais nos quais esses mantras são utilizados e também textos explorando os aspectos filosóficos da tradição ritual, narrativas, etc.

Os mantras são colecionados em antologias chamadas de Samhitas. Existem quatro Samhitas: Rk (poesia), Sāman (música), Yajus (oração) e Atharvan (um tipo de sacerdote). Refere-se normalmente a eles como Rigveda, Samaveda, Iajurveda e Atarvaveda respectivamente.

Cada Samhita é preservado em um número de versões (shakhas), sendo que as diferenças entre elas são mínimas, exceto no caso do Iajurveda, onde as duas versões "brancas" (shukla) contêm somente os mantras, enquanto as quatro versões "negras" (krishna) entremearam os brâmanas junto aos mantras.

O Rigveda contém a mais antiga parte dos textos e consiste de 1028 hinos. O Samaveda é mais um arranjo do Rigveda para música. O Iajurveda dá orações sacrificiais e o Atarvaveda dá encantos, encantamentos, fórmulas mágicas, etc.

A próxima categoria de textos são os brâmanas. Estes são textos rituais que descrevem em detalhes os sacrifícios nos quais os Mantras eram usados, como também comentam o significado do ritual sacrificial. Os brâmanas são associados com um dos Samhitas. Os brâmanas podem formar textos separados, ou, no caso do Iajurveda "Negro", ser parcialmente integrados no texto do Samhita. O mais importante dos brâmanas é o brâmana Shatapatha do Iajurveda "Branco".

Os Aranyakas e os Upanixades são trabalhos teológicos e filosóficos. Geralmente formam parte dos brâmanas (como o Upanixade Brhadaranyaka). São a base da escola de Vedanta de Darsana.

A tradição hindu considera os vedas incriados, eternos e que são revelados a sábios (Rishis). O rishi Krishna Dwaipayana, melhor conhecido como Veda Vyasa – Vyasa significando "editor" ou "compilador" – supostamente distribuiu esta massa de hinos nos quatro livros dos Vedas, sendo cada livro supervisionado por um de seus discípulos. Paila organizou os hinos do Rig Veda. Aqueles que eram cantados durante cerimônias religiosas e sociais foram compilados por Vaishampayana com o título de Yajus mantra Samhita. Jaimini é dito de ter coletado hinos que eram fixados a música e melodia — "Saman". A quarta coleção de hinos e cantos conhecida como Atharva Samhita foi colecionada por Sumanta.

Filosofias e seitas que se desenvolveram no subcontinente indiano tiveram diferentes posições nos Vedas. No budismo e no jainismo a autoridade do Veda é repudiada e ambos desenvolveram-se em religiões separadas. As seitas que não rejeitaram explicitamente os Vedas continuaram seguidores do Sanatana Dharma, que é conhecido, nos tempos modernos, como hinduísmo.

Posteriormente, no hinduísmo, os Vedas ocuparam uma posição de destaque. São considerados shruti, ou seja, revelação, e a casta brâmaneica baseada nos Vedas forma uma importante parte da vida religiosa hindu nos dias de hoje. Vedanta, Ioga, Tantra e até mesmo Bhakti consideram os Vedas uma revelação.

Nos dharmashastras, o estudo dos Vedas foi considerado um dever religioso dos três altos varnas (Brâmanes, Xatrias e Vaixás). Mulheres e Sudias não precisavam nem podiam estudar o Veda (isso começou a acontecer só na idade Védica ou Sutra posterior, porque numerosas evidências sugerem que todos os humanos eram igualmente permitidos a estudar os Vedas, e muitos "autores" védicos eram mulheres). Elaborar métodos para preservar o texto (aprendendo de cor e não escrevendo), disciplinas subsidiárias (Vedanga) foram desenvolvidos nas escolas védicas. No décimo quarto século, Sayana escreveu célebres comentários sobre os textos védicos.

Nos tempos modernos, estudos védicos são cruciais para a compreensão da linguística Indo-Européia, como também na história indiana antiga.

Muitas formas de hinduísmo encorajam os mantras védicos a serem interpretados das formas mais liberais e filosóficas possíveis, diferentemente de variedades notáveis das religiões Abraâmicas (relativo ao Tanakh, à Bíblia e ao Corão). De fato, uma interpretação não-literal dos mantras é desencorajada, e até mesmo as três camadas de comentários (Brahmanas, Aranyakas e Upanishads), que formam uma parte integral da literatura shruti, na verdade interpretam os aparentemente politeístas, ritualísticos e altamente complexos Samhitas em uma forma filosófica e metafórica para explicar os conceitos "ocultos" de Deus (Ishwara), o Ser Supremo (Brâman) e a alma ou o ego (Atman). Também, muitos hindus acreditam que o próprio som dos mantras védicos é purificador ao ambiente e à mente humana.

Complementando e exemplificando, acrescento aqui uma breve definição do seu principal Mantra. O Om é o mantra mais importante do hinduísmo e outras religiões. Diz-se que ele contém o conhecimento dos Vedas e é considerado o corpo sonoro do Absoluto, Shabda Brahman. O Om é o som do infinito e a semente que "fecunda" os outros mantras. O som é formado pelo ditongo das vogais a e u, e a nasalização, representada pela letra m. Por isso é que, às vezes, aparece grafado Aum. Estas três letras correspondem, segundo a Maitrí Upanishad, aos três estados de consciência: vigília, sono e sonho e contém em si a representação dos cinco principais elementos, água, eter, ar, fogo e terra.

Em uma coluna futura falarei mais a respeito exclusivamente dos Mantras, em especial deste, Om.

Que a sua paz seja a minha paz; que a sua luz seja a minha luz e que a sua evolução inspire o meu caminho.

Seja feliz e encontre-se. Ame-se e evolua.

Marco Anconi
mac.anconi@gmail.com


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