O preço do leite pago ao produtor rural em Rondônia



Francisco Aroldo

Economista em Rondônia desde 2.002

Desde o inicio desse ano de 2023 tenho buscado estudar os preços de referencia para o pagamento do litro do leite “in natura” pago pela indústria aos produtores rurais de Rondônia, e, aparentemente essa atividade tipicamente da agricultura familiar, trabalha para apenas fazer o giro nas suas propriedades, não perfazendo uma margem eficiente de receita.

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Tomando como base os valores indicados pelo CONSELEITE DE RONDÔNIA, que edita sempre no início de todo mês o Valor de Referência do Leite Padrão para um litro de leite, sempre tirado 30 dias antes, e pago as vezes mais 10 ou mais 15 dias adiante; podemos concluir que essa margem de “lucro” na atividade da produção do leite é próxima mesmo de zero. O que permite em termos acadêmicos e comerciais, promover a necessidade de um estudo mais amplo e eficiente das causas desse fenômeno.

Outras informações que tomei como base são o preço médio no Brasil do mercado de compra do litro de leite que o CEPEA – centro de Estudos Avançados em Econômica Aplicada realiza há tantos anos, contribuindo em muito para as correções normais da competição de mercados.

Vamos aos dados, portanto.

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No ano de 2021 temos os seguintes referenciais aqui no estado de RO para o pagamento de um litro de leite aos produtores locais: no mês de janeiro R$ 1,7844 e nos meses de fevereiro e março o mesmo valor de R$ 1,2524 e n mês de abril R$ 1,2560 mais adiante no mês de JULHO R$ 1,6809 e setembro R$ 1,6667 e no final do ano, dezembro o produtor rural tirador de leite recebeu apenas R$ 1,4903: enquanto que nesse mesmo período (2021) o mercado nacional de compras do produto pagou em média R$ 2,43.

Em Rondônia ao longo dos meses do ano de 2022 o pagamento de um litro de leite classificado pelos laticínios como de média qualidade oscilou entre R$ 1,4719 em janeiro, R$ 1,6697 em abril, R$ 2,2418 em julho e R$ 1,7844 em dezembro. E na media nacional esse mesmo ano industrias em vários municípios e estados com produção leiteira pagou em média R$ 2,52 por litro entregue.

Mais uma informação importante para os nossos leitores da coluna.

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O CONSELEITE é um organismo paritário criado por lei estadual e que se reúne mensalmente para deliberação em cima de dados socio econômicos e de mercado, aplicando equações de equilíbrio entre os preços dos insumos dentro da propriedade na produção e entrega do leite e que também considera o mix de produtos da indústria e seus custos para a industrialização e comercialização de seus produtos, sendo uma contribuição importante como preço de referencia e mediador entre os produtores e os compradores, mas é importante analisar também aspectos relacionados com o mercado regional e as forças externas de competição nesse mercado que, por exemplo teima a vinte anos em pagar pelo leite apenas 40 ou 50 dias após a sua entrega e fazer em muitas ocasiões uma certa distinção entre a “qualidade” do litro de leite adquirido, dependendo da época do ano e de outros fatores menos ortodoxos.

O fato é que ao analisarmos os números mês a mês desse preço de referência, há milhares de proprietários rurais de pequenas e medias propriedades que muitas vezes pagam para trabalhar.

Uma simples analise do preço médio pago em 2021 e 2022 no estado de RO e o preço médio pago no Brasil a outros tiradores de leite, percebemos que há distorções que carecem de um olhar mais efetivo do governo do estado, da assembleia legislativa e outros órgãos de Estado para promover na cadeia do leite, uma forma mais justa de pagar o trabalho e o empreendedorismo rural.

Anote por favor na sua caderneta: em 2020 a média nacional de pagamento pelo litro de leite foi de R$ 2,04 em 2021 foi de R$ 2,43 e em 2022 ficou na casa dos R$ 2,52.

Rondônia pagou em media no ano de 2022 R$ 1,9075 e no ano de 2021 o valor de R$ 1,4742.

Bom, se você considerar que ao longo do ano de 2.020, isso mesmo, ano da pandemia mundial, o Brasil pagou em media R$ 2.04/litro de leite aos produtores rurais, estamos aqui em Rondônia no mínimo 24 meses no túnel do tempo; posto que em 24 meses houve inflação e acréscimos de preços nos diversos insumos que a produção rural de leite precisa para fazer as suas entregas diárias. Não é mesmo à toa que desde 2019 muita gente está deixando essa atividade.

 

 

 



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