ÁGUAS MORTAS E CONTAMINADAS - Prefeitura faz limpeza no canal entre Calama e Abunã para prevenir alagamentos e águas dentro das casas

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Em meio ao clima de alerta para o período chuvoso na capital rondoniense, a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), entrou em campo esta semana para intensificar a limpeza do canal situado entre as avenidas Calama e Abunã. A medida é parte de uma estratégia preventiva para recuperar a capacidade hidráulica da via fluvial urbana e mitigar riscos de alagamentos em áreas próximas.

Mas a ação municipal não surge no vazio — ela insere-se num cenário urbano marcado por histórico de enchentes, erosão, ausência de infraestrutura adequada de saneamento e forte pressão social por respostas concretas. A seguir, um panorama mais amplo com dados históricos, estudos técnicos e o impacto social esperado.

Hidrologia, solo e dinâmica urbana: por que alagar nessa região?

Um estudo do contexto geológico do rio Madeira e seus trechos associados aponta que, entre Porto Velho e Calama, o canal natural apresenta traços sinuosos e instabilidade lateral, com ampla migração de leito, planícies de inundação e sedimentos recentes e inconsolidados.

Essas características facilitam que, em episódios de chuva intensa, o terreno ao redor absorva mal o excedente hídrico — além disso, áreas de escoamento pluvial e canais menores convergem para sistemas urbanos que, muitas vezes, não têm capacidade de drenagem adequada.

Crescimento urbano, saneamento precário e drenagem insuficiente

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Parte do desafio cotidiano é que Porto Velho convive com carência severa de sistema de coleta de esgoto, com muitas residências dependentes de fossas ou lançamentos diretos em canais e igarapés. A falta de infraestrutura de esgoto torna o solo menos permeável e contamina cursos d’água, intensificando os efeitos das enxurradas. Durante a grande enchente de 2014, por exemplo, Porto Velho registrou crescimento nos casos de leptospirose como consequência do contato da população com águas contaminadas.

Também no episódio de 2014, o município decretou situação de emergência e estimou prejuízos bilionários, já que rios como o Madeira ultrapassaram suas cotas de margem — evento que deixou milhares de pessoas desabrigadas ou desalojadas.

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Mais recentemente, no início de 2025, o rio Madeira atingiu 16,67 metros, e cerca de 9 mil pessoas foram atingidas por inundações em Porto Velho. Moradores de locais como os distritos de Calama e Abunã relataram casas submersas e dificuldades de deslocamento, com trilhas improvisadas em meio à vegetação alagada.

Esses eventos demonstram que a região entre Calama e Abunã está diretamente vulnerável ao acúmulo de água, sobretudo em pontos onde os canais urbanos transitam por áreas densamente ocupadas.

A operação da Seinfra e escopo das intervenções

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A Prefeitura informa que o trabalho inclui:

  • remoção manual de entulho e lixo depositado irregularmente no canal;
  • roçagem e rastelagem da vegetação invasiva nas margens;
  • nivelamento das bordas do canal para prevenir desmoronamentos futuros;
  • manutenção no entorno, visando impedir que resíduos descartados retornem ao leito do canal.

Além disso, no mesmo ano (2025), a Prefeitura já iniciou uma operação inédita de drenagem no canal da Calama (com alargamento e aprofundamento) e incluiu esse canal como peça central no redesenho da pavimentação da avenida Calama.

Esses diferenciais (alargamento + aprofundamento) sugerem que a cidade busca não apenas desobstruir, mas ampliar a capacidade de vazão, o que é uma estratégia técnica aderente às demandas acumuladas.

Custos e desafios orçamentários

Não há na fonte oficial documentos públicos específicos divulgando o custo exato desta intervenção entre Calama e Abunã. Entretanto, trabalhos similares envolvendo drenagem urbana, limpeza de canais e obras complementares costumam demandar recursos expressivos, considerando mão de obra, maquinário, transporte de resíduos e logística de apoio.

Para ter uma ideia de escala, em 2015 foi firmado parceria entre governo estadual e Prefeitura para limpar 19 km de canais em Porto Velho, beneficiando 22 bairros, com estrutura de convênios entre DER e Secretaria Municipal. Esse tipo de ação mostra como grandes frentes de canal podem demandar recursos estaduais ou federais, dependendo da gravidade e extensão das intervenções.

O desafio orçamentário se agrava se considerarmos que, pós-obra, haverá necessidade de manutenção contínua, remoção periódica de resíduos, corte de vegetação e monitoramento — custos muitas vezes subestimados no planejamento inicial.

Registros de alagamentos e enchentes

A região de Calama, sendo um distrito de Porto Velho, tem sido afetada nas cheias do rio Madeira, especialmente quando o rio sobe e transborda margens, inundando regiões baixas e levando a invasão de casas, ruas e acessos.

Episódios como o de fevereiro de 2025 mostraram que o avanço das águas atingiu residências e cutucou a fragilidade estrutural dessas áreas.

Moradores relatam, em matérias locais, que durante chuvas intensas, basta meia hora de precipitação forte para que ruas se tornem canais e água invada os quintais — cenário agravado por pneus, lixo plástico e entulhos obstruindo bueiros e curvas de escoamento. (Esse tipo de relato é típico em reportagens urbanas de Porto Velho, embora não especificamente citado na fonte que você mandou.)

Depoimentos (possíveis / representativos)

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Para ilustrar o impacto humano, poderiam ser colhidos depoimentos como:

  • Uma moradora da avenida Calama: “Toda vez que chove forte, entra água em casa — molha móveis, roupas, eletrodomésticos. Trabalho para secar parede e piso dias depois.”
  • Comercial local: “Perdi mercadorias porque alagou o ponto de comércio. Sem drenagem eficaz, toda chuva forte vira prejuízo para o pequeno comerciante.”
  • Pai de família dizendo: “Tenho criança pequena, não posso deixar o quintal alagado, risco de insetos, animais… A gente espera que a cidade cuide disso.”
  • Idoso na Abunã: “Antes a gente vivia calculando a estiagem — na enchente, perdia colheita do quintal, móveis… Se não fizer limpeza nos canais, vai piorar a cada ano.”

Esses tipos de testemunho ajudam a dar humanidade e urgência à narrativa.

Desafios pós-obra e recomendações

Mesmo com a limpeza, o êxito da ação dependerá de:

  1. Manutenção contínua — sem operações periódicas, vegetação, resíduos e sedimentação voltarão a comprometer o leito.
  2. Fiscalização rigorosa contra descarte irregular — campanhas de conscientização e fiscalização são necessárias para que moradores não usem o canal como depósito de lixo doméstico e entulho.
  3. Integração com rede de drenagem urbana — é inútil limpar um canal se as galerias, bueiros e microdrenagens da região continuarem obstruídas ou dimensionadas de forma inadequada.
  4. Melhoria do saneamento básico local — quanto menos esgoto bruto e águas servidas lançadas em canais, menor o risco de contaminação e obstrução.
  5. Monitoramento hidrológico e planejamento urbano adaptativo — uso de sensores de nível, previsão pluviométrica e ajuste de zoneamento urbano para evitar ocupações em áreas extremamente vulneráveis.


Fonte: noticiastudoaqui.com


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