
O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de abertura de inquérito contra o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), em meio à escalada da violência no estado e às críticas à condução das operações policiais que resultaram em dezenas de mortes nas últimas semanas.
No documento, o parlamentar acusa o governador de uma série de crimes, incluindo homicídio doloso (com dolo eventual), corrupção passiva, prevaricação, abuso de autoridade e improbidade administrativa. Lindbergh também solicita o afastamento cautelar de Castro e a quebra de seus sigilos fiscal, bancário e telefônico, argumentando que o governo estadual tem promovido uma política de segurança baseada na letalidade e na ausência de controle institucional.
Mais do que um embate político regional, o pedido reacende o debate sobre a omissão do governo federal diante da crise de segurança no Rio. Enquanto as operações policiais continuam deixando um rastro de mortes nas comunidades, a União mantém uma postura de distanciamento, sem apresentar um plano integrado de enfrentamento ao crime organizado ou medidas concretas para conter a escalada da violência.
Lindbergh classificou a situação como “insustentável” e disse que o país vive “um colapso de direitos humanos”, denunciando a falta de coordenação entre os entes federativos. Segundo ele, o silêncio de Brasília diante do cenário do Rio de Janeiro “é cúmplice e perigoso”, e reflete a incapacidade do governo federal de assumir seu papel na articulação de uma política nacional de segurança pública.
Enquanto isso, Cláudio Castro segue defendendo as operações, alegando que o objetivo é combater o crime e retomar territórios dominados por facções. Porém, sem uma ação articulada entre estado e União, especialistas alertam que o ciclo de violência tende a se repetir — com as comunidades mais pobres, novamente, pagando o preço mais alto.